03 Abril 2024
Decisão nesta segunda-feira, 1/4, vem num pacote de reestruturação da Petrobras, que passará a se chamar Renobras e investirá em energia limpa.
A reportagem é publicada por Observatório do Clima, 01-04-2024
O governo brasileiro anunciará nesta segunda-feira (1/4) a decisão de desistir de explorar petróleo na Margem Equatorial, a nova fronteira de hidrocarbonetos na costa norte do país. O OC apurou que o anúncio será feito no fim da manhã pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), e por seu velho amigo, o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates (PT-SE), na sede da empresa, no Rio.
Trata-se do primeiro passo para uma reestruturação da Petrobras, que envolve o descomissionamento gradual de seus ativos fósseis e um investimento maciço em energias renováveis. Até 2026, a empresa passará a se chamar Renobras, e quer liderar a produção e a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias energéticas de zero carbono.
A decisão de dar uma guinada de 360 graus no rumo da produção de energia no Brasil foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nos últimos meses se deu conta de que o país não pode realizar a COP30 em Belém e continuar explorando hidrocarbonetos como se não houvesse amanhã. Lula tem dito a interlocutores que “lugar de petróleo é no subsolo” e que “é mais fácil construir hotéis em Belém do que eu ter moral para presidir uma COP querendo ser o quarto maior produtor de petróleo do mundo”.
Procurado pelo OC, Prates evitou entrar em detalhes sobre o plano do governo, mas admitiu que há uma movimentação em curso. Questionado sobre sua declaração ao New York Times de que pretendia explorar os recursos fósseis da costa brasileira “até a última gota”, o senador licenciado declarou: “Foi mal, tava doidão”. E completou: “O problema desse raciocínio é que o Brasil quer ser o último vendedor de petróleo do planeta, mas os Estados Unidos querem a mesma coisa, o Canadá quer a mesma coisa, a Guiana quer a mesma coisa, a Noruega e o Reino Unido idem. Se somarmos todas essas vontades, teremos uma produção de petróleo 110% maior do que a meta do Acordo de Paris e um mundo no rumo de aquecer 3oC pelo menos”, disse Prates, enquanto comia um frango à passarinho num bar da Praça Nelson Mandela acompanhado de Silveira. “Ninguém pode vender petróleo num planeta morto”, disse.
Silveira, por sua vez, afirmou que já enviou por Whatsapp à Opep+ o pedido de desfiliação do Brasil, que na COP29 se juntará à Colômbia no Tratado de Não-Proliferação dos Combustíveis Fósseis. “Vamos corrigir em Baku o mico que eu fiz o presidente Lula pagar em Dubai no ano passado”, penitenciou-se o ministro.
O titular do Minas e Energia disse que publicará em breve uma revisão do Plano Nacional de Energia 2050 e do Plano Decenal de Energia 2034 contendo o calendário da saída do Brasil dos combustíveis fósseis. “Minha longa amizade com o presidente Prates permitirá um redesenho completo da política energética do país sem sobressaltos, de forma a gerar valor para os acionistas da futura Renobras.” Em seguida, ergueu um copo de chope tirado na hora e brindou com Prates, olhando-o nos olhos. Apontando para o espesso colarinho da bebida, comentou: “Este aqui é o único gás carbônico que nós continuaremos produzindo”.
Cumprindo a vetusta tradição de 1o de abril do Observatório do Clima, este artigo é uma brincadeira, mas seria bom para o país e o planeta se não fosse. Todas as informações acima são falsas, exceto a conta sobre a produção de petróleo ser 110% maior do que a meta do Acordo de Paris, publicada no Production Gap Report do Pnuma.
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