Francisco aos migrantes na floresta de Darién: “Eu gostaria de estar com vocês agora...”

Foto: Divulgação | OHCHR / ONU

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23 Março 2024

Francisco escreve a um grupo de mulheres e homens no Centro de Acolhimento Temporário em Lajas Blancas (Panamá): "Não esqueçam sua dignidade humana, não tenham medo de olhar nos olhos dos outros. Vocês são filhos de Deus".

A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 21,03-2024.

"Gostaria de estar pessoalmente com vocês agora...".

Entre as palavras mais emocionadas, entre as muitas dirigidas ao longo desses anos aos migrantes, estão aquelas que o Papa Francisco imprime em uma breve mensagem para homens e mulheres que neste momento estão alojados no Centro de Acolhimento Temporário para a Migração (ETRM) de Lajas Blancas. É o centro que acolhe migrantes vindos da Colômbia, Haiti, Equador, Venezuela e também de outros países da América Central, como Nicarágua, que sobreviveram à floresta de Darién, a selva na fronteira entre Colômbia e Panamá, tornada uma rota-chave para quem está indo para os EUA da América do Sul através da América Central e do México.

Perigos e violências

São mais de meio milhão – um número recorde fornecido pelo governo panamenho – de pessoas que apenas em 2023 se aventuraram pelo chamado Darién Gap, um itinerário mortal onde além dos perigos da selva há o risco de encontrar gangues criminosas que roubam ou pedem dinheiro para guiar os refugiados neste corredor, ao longo de 265 quilômetros, e usam violência, especialmente contra mulheres. Aqueles que sobrevivem se refugiam em Lajas Blancas, onde recentemente tem havido superlotação e piora nos problemas de saúde e segurança devido à escassez de água e de camas.

As palavras de apoio do Papa

A todas essas pessoas agora chega a mensagem de proximidade e consolo do Papa, que diz querer estar ao lado delas. "Eu também sou filho de migrantes que partiram em busca de um futuro melhor", lembra o Papa, recordando como em tantas outras ocasiões a experiência de sua família paterna, que partiu do Piemonte para a Argentina.

"Houve momentos em que eles ficaram sem nada, até mesmo com fome; de mãos vazias, mas com o coração cheio de esperança".

Os migrantes, carne sofredora de Cristo

Francisco agradece aos bispos e aos agentes pastorais que representam "o rosto de uma Igreja mãe que caminha com seus filhos e filhas, nos quais descobre o rosto de Cristo" e "traz alívio e esperança no caminho da cruz da migração". Então ele se dirige aos próprios migrantes, que se tornam "carne sofredora de Cristo", quando "são forçados a deixar sua terra, a enfrentar os riscos e as tribulações de um caminho difícil, sem encontrar outra saída". A eles uma recomendação fundamental:

Nunca esqueçam sua dignidade humana. Não tenham medo de olhar nos olhos dos outros porque vocês não são descartados, mas também fazem parte da família humana e da família dos filhos de Deus. E obrigado por estarem aqui.

O apelo no Angelus de 17 de dezembro

Sobre a situação no Darién, o Papa já havia chamado a atenção mundial no Angelus de 17 de dezembro, véspera do Dia Internacional dos Migrantes proclamado pela ONU. Ao final da catequese, Francisco compartilhou a preocupação com as "famílias com crianças que se aventuram em caminhos perigosos, enganadas por aqueles que falsamente prometem um caminho curto e seguro, maltratadas e roubadas. (...) Não poucos perdem a vida naquela selva", disse o Papa. "É necessário o esforço conjunto dos países mais diretamente envolvidos e da comunidade internacional, para evitar que essa trágica realidade passe despercebida e para oferecer juntos uma resposta humanitária".

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