21 Março 2024
Um livro do sociólogo Luca Diotallevi examina o período 1993-2019. "A Covid apenas acentuou um fenômeno que já estava presente".
A reportagem é de Laura Badaracchi, publicada por Avvenire, 17-03-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em primeiro lugar, é preciso limpar a nossa mente de um preconceito infundado: “Depois da Covid, ninguém mais vai à missa". Porque, segundo os dados disponíveis hoje, “o que pareceria um grito de alarme acaba sendo um álibi, uma desculpa. Se considerarmos os valores relativos à participação nos ritos religiosos produzido pela grande pesquisa anual do Istat para os anos de 2015 a 2021, podemos constatar – talvez com alguma surpresa – que o declínio já em curso nos anos anteriores continuou em 2020 e 2021, registando desvios mínimos”. Portanto, “no que diz respeito ao fenômeno em questão, nenhuma mudança significativa foi detectada."
Esclarece isso, com sua competência como sociólogo e professor da Universidade de Roma Tre, Luca Diotallevi. No livro com o título evocativo: “La Messa è sbiadita: la partecipazione ai riti religiosi in Italia dal 1993 al 2019” (A missa desbotou: participação nos ritos religiosos na Itália de 1993 a 2019, em tradução livre), publicado pela Rubbettino, o estudioso destaca que “em 2019 a plateia de fiéis italianos frequentadores da missa não só é muito menor do que era em 1993, mas na comparação com aquele período, também profundamente mudada na sua composição e nas dinâmicas que lhe dizem respeito ou de que é protagonista".
Os dados falam claramente: “A proporção de indivíduos com 18 anos ou mais que declaram ter participado pelo menos uma vez por semana num rito religioso do tipo aqui estudado – o que corresponde ao preceito característico da maioria das organizações religiosas quantitativamente mais consistentes, ativas na Itália em termos de possibilidades religiosas – passa de 37,3% em 1993 para 23,7% em 2019". Especialmente a partir de 2005 “aqueles que abandonam a prática ‘regular’ chegam bastante rapidamente à condição de ‘não praticante’ depois de terem passado mais ou menos rapidamente pela fase intermédia da prática ocasional”. Mas as amargas surpresas não acabaram: no período considerado “o abandono de uma prática ‘regular’ afeta muito mais as mulheres do que os homens”.
La Messa è sbiadita: la partecipazione ai riti religiosi in Italia dal 1993 al 2019 (Foto: Divulgação)
De fato, se em 2019 “as mulheres adultas que declaram uma prática pelo menos semanal são ainda mais que os homens: 28,7% das primeiras contra 18,3% dos últimos”, no entanto “no caso das mulheres, perdeu-se quase 40% % do valor registado em 1993 e no caso dos homens pouco mais de 30%". Mas o drástico declínio das “cotas rosas”, “muda o papel, a força e a forma da presença da religião de igreja na sociedade italiana, minando aquele que era tradicionalmente um dos seus pilares” na transmissão da fé às novas gerações.
Uma hemorragia avaliada criticamente pelo autor, dado que “o clero católico diminui menos rapidamente do ‘povo’, também – certamente não só – porque as autoridades eclesiásticas prestaram maior ou mais eficaz atenção à numerosidade do clero do que àquela dos fiéis”.
Porém, no caso das congregações religiosas “a fuga das mulheres foi ainda mais consistente do que a dos praticantes regulares”. Entre estes últimos, cada vez mais idosos, registra-se “a participação em atividades de voluntariado" por meio de associações e grupos ou individualmente: disponíveis a gestos de solidariedade e acolhimento, representam uma luz num quadro obscuro e, por vezes, desolador.
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“A Missa desbotou”, ao longo do tempo caiu a presença dos fiéis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU