19 Março 2024
Estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelou que as alterações climáticas afetam de maneira desproporcional idosos, mulheres e populações rurais em situação de pobreza em países de rendimento baixo e médio.
A reportagem é de Edelberto Behs.
De acordo com o relatório “Clima Injusto”, as famílias chefiadas por mulheres perdem 8% do seu rendimento anual por causa do estresse térmico, em comparação com famílias chefiadas por homens. O total chega a 37 bilhões de dólares (cerca de 185 bilhões de reais) por ano.
O relatório, informa o portal ONU News, também mostrou que inundações diminuem em 3% o rendimento das famílias lideradas por mulheres, o que equivale a 16 bilhões (cerca de 80 bilhões de reais) por ano, em comparação com famílias lideradas por homens.
Se as alterações climáticas aumentarem mais um grau Celsius, alerta o relatório, os agregados familiares chefiados por mulheres poderão perder até 34% do seu rendimento em comparação com aqueles chefiados por homens.
À medida que a crise climática piora, as mulheres nos países em desenvolvimento correm maior risco de perder os seus meios de subsistência, uma vez que a maioria depende da agricultura, frisou a secretária-geral da Federação Luterana Mundial (FLM), pastora Anne Burghardt, em mensagem dirigida à 68ª Sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação da Mulher, reunida em Nova Iorque, de 11 a 22 de março, e que trata do combate à pobreza.
Embora meninas tenham hoje mais acesso à educação, qualificando-as, isso não se reflete, porém, “adequadamente na composição da força de trabalho em muitas indústrias e países, uma vez que persistem a discriminação de gênero e o sexismo”, apontou a líder luterana.
Em mensagem ao evento, a FLM lamentou que “a face global da pobreza ainda seja principalmente feminina”, e as mulheres não brancas enfrentam os maiores desafios “devido à intersecção do sexismo e do racismo”.
A FLM apelou aos estados membros da ONU para “eliminarem as desigualdades, cancelarem a dívida e criarem uma convenção fiscal global, equilibrada e juridicamente vinculada às Nações Unidas”, pois, na atualidade, a evasão fiscal e a ganância têm precedência sobre as pessoas, os direitos humanos e o ambiente.
Presente no encontro, a ministra brasileira das Mulheres, Cida Gonçalves, reportou-se ao quadro do Brasil, onde 33 milhões de pessoas passam fome, mais de 80% são mulheres. É preciso, enfatizou, incluir essas mulheres na sociedade e garantir a elas o acesso mínimo de dignidade e cidadania, “que é poder comer, poder ter sua qualificação profissional, poder fazer o debate e discutir a questão salarial”.
Falando em nome da comunidade lusófona de países, a ministra arrolou as medidas que o governo brasileiro está tomando no combate à pobreza, que têm impacto significativo para as mulheres.
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Crise climática provoca mais danos em famílias chefiadas por mulheres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU