25 Janeiro 2024
Cepas desses micróbios “Matusalém” – ou vírus zumbis, como também são conhecidos – já foram isoladas por pesquisadores, que levantaram temores de que uma nova emergência médica global pudesse ser desencadeada – não por uma doença nova para a ciência, mas por uma doença de um passado distante, destacam Guardian, Independent e Daily Mail.
A informação é publicada por ClimaInfo, 24-01-2024.
Com intensificação das mudanças climáticas, cientistas começaram a planejar rede de monitoramento do Ártico que identificaria primeiros casos de uma doença causada por microrganismos antigos.
Calor e frio extremos, tempestades, tufões, furacões e ciclones cada vez mais fortes e frequentes, secas mais devastadoras e duradouras. Essas costumam ser as ameaças mais lembradas quando se trata das mudanças climáticas em curso no planeta. Entretanto, algo tão ou mais devastador quanto tudo isso também pode estar a caminho: pandemias provocadas por vírus antes aprisionados em áreas geladas e que podem ser “libertados” com seu derretimento.
Cientistas alertam que patógenos antigos congelados no permafrost do Ártico poderão um dia ser libertados pelo aquecimento do clima da Terra e desencadear um grande surto de doenças. Cepas desses micróbios “Matusalém” – ou vírus zumbis, como também são conhecidos – já foram isoladas por pesquisadores, que levantaram temores de que uma nova emergência médica global pudesse ser desencadeada – não por uma doença nova para a ciência, mas por uma doença de um passado distante, destacam Guardian, Independent e Daily Mail.
Por causa dessa nova e bizarra ameaça de pandemia, os cientistas planejam implantar uma rede de monitoramento do Ártico que identificaria os primeiros casos de doenças causadas por esses microrganismos antigos. A rede também pretende proporcionar quarentena e tratamento médico especializado aos infectados, numa tentativa de conter um surto e evitar que pessoas contaminadas abandonem a região.
“Por ora, as análises das ameaças pandêmicas centram-se nas doenças que podem surgir nas regiões do sul e depois espalhar-se para o norte. Por outro lado, pouca atenção tem sido dada a um surto que pode surgir no extremo norte e depois viajar para sul, e isso é um descuido. Existem vírus lá em cima [no norte] que têm potencial para infectar humanos e iniciar um novo surto de doenças”, disse o geneticista Jean-Michel Claverie, da Universidade de Aix-Marseille.
Este ponto foi apoiado pela virologista Marion Koopmans, do Erasmus Medical Center, na Holanda. “Não sabemos que vírus existem no permafrost, mas penso que existe um risco real de que possa existir um vírus capaz de desencadear um surto de doença – por exemplo, uma forma antiga de poliomielite. Temos que assumir que algo assim poderia acontecer.”
Em 2014, Claverie liderou uma equipe de cientistas que isolou vírus vivos na Sibéria e mostrou que ainda podiam infectar organismos unicelulares – apesar de terem estado enterrados no permafrost durante milhares de anos. Outras pesquisas, publicadas no ano passado, revelaram a existência de diversas cepas virais de sete locais diferentes na Sibéria e mostraram que elas poderiam infectar células cultivadas. Uma amostra de vírus tinha 48.500 anos.
“Os vírus que isolamos só conseguiram infectar amebas e não representavam nenhum risco para os humanos. No entanto, isso não significa que outros vírus atualmente congelados no permafrost não possam ser capazes de desencadear doenças em humanos. Identificamos vestígios genômicos de poxvírus e herpesvírus, que são patógenos humanos bem conhecidos, por exemplo”, explicou Claverie.
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Intensificação de degelo pode liberar vírus desconhecidos no Ártico, alertam cientistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU