29 Novembro 2023
Historiador realiza poderosa síntese que permite tanto ao leitor principiante quanto àquele que se aprofunda no tema uma visão abrangente de todo o período.
A informação é publicada por Editora Unesp, 27-11-2023.
Por que uma nova abordagem à história medieval? A resposta reside em parte na crescente intriga e fascínio que este período exerce à medida que nos distanciamos dele. Percebemos que muitos dos dilemas e aspirações que caracterizam nossa atualidade têm raízes profundas na Idade Média, desde questões relacionadas a obscurantismos religiosos até a contemplação da alta filosofia, da brutalidade desmedida à busca de um propósito na vida, do receio do futuro ao anseio por um retorno à simplicidade da natureza. E é a partir desta perspectiva que o historiador francês Georges Minois nos brinda com História da Idade Média: mil anos de esplendores e misérias, lançamento da Editora Unesp.
Imagem: Divulgação
Neste livro de fôlego, o historiador argumenta que a história medieval da Europa Ocidental está intrinsecamente ligada à história do Oriente Próximo, cuja influência se mescla no imaginário dos europeus medievais, alternando entre as representações dos povos inimigos e a utopia da Terra Prometida. Entre os séculos V e X, testemunhamos um período de grandiosas ilusões, quando o Oriente Bizantino e, posteriormente, o mundo muçulmano exerciam domínio sobre um Ocidente ainda em estágio de barbárie. Dos séculos XI ao XIII, a Europa cristã revela seu dinamismo e atinge sua "era da razão" antes de enfrentar, entre os séculos XIV e XV, os flagelos apocalípticos que marcam uma transição para o mundo moderno, cujo otimismo humanista hoje se vê em crise.
Além da fascinação, Minois sugere outro motivo para a reinterpretação da história medieval: o fato de sua imagem ter sido frequentemente deturpada e negligenciada nos currículos escolares, com efeitos na cultura como um todo. Reduzida a meras anedotas pela mídia e transformada em lendas, a Idade Média perdeu sua coerência na memória coletiva do público em geral. Para compreendê-la de maneira abrangente, é crucial restituir os fatos, nomes e datas em uma sequência lógica e cronológica. Isso é precisamente o objetivo deste livro.
“Condensar mil anos de história em cerca de quinhentas páginas é um desafio”, registra. “Assim, não serão surpresas os encurtamentos, as simplificações, as seleções e as inevitáveis lacunas. Trata-se certamente de uma grande síntese que visa evidenciar os eixos e os fatos essenciais de uma época no curso da qual foram forjadas as mentalidades ocidentais. A história não é uma ciência exata, baseada em um certo número de fatos; ela deixa muita margem para a interpretação dos historiadores – interpretação que depende bastante das normas e dos valores de seu tempo. E, finalmente, é por isso que podemos reescrever para sempre a mesma história, que na verdade nunca é a mesma. O essencial é não sacralizar uma ou outra versão. Em relação ao passado distante, impõe-se certo desprendimento, e até mesmo um toque de ironia ou de humor, sempre respeitando a materialidade dos fatos. Importa ao historiador saber relativizar a importância dos acontecimentos que relata e não sacralizar os atores da tragicomédia humana”.
Explorar o tema da Idade Média nos leva, portanto, a uma longa jornada de estudos que abarca uma miríade de tópicos. Georges Minois realiza nessa obra uma síntese poderosa, tornando-a acessível tanto para o leitor iniciante como para o estudioso que busca uma compreensão mais profunda dessa época seminal de nossa história.
Georges Minois. (Foto: Divulgação | Editora UNESP)
Georges Minois é professor de História e historiador das mentalidades religiosas. Dele, a Editora Unesp publicou História do riso e do escárnio (2003), A idade de ouro (2011), História do ateísmo (2014), História do futuro (2016), História do suicídio (2018), História da solidão e dos solitários (2019), As origens do mal (2021), Henrique VIII (2022) e História do inferno (2023).
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Georges Minois propõe uma nova história da Idade Média - Instituto Humanitas Unisinos - IHU