Sínodo: a contribuição da teologia e do direito. Artigo de Piero Coda

Foto: Lola Gomez | CNS | Vatican Media

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01 Novembro 2023

"A exigência de uma contribuição mais orgânica e articulada da teologia e do direito canônico foi, de fato, amplamente registrada e expressa na conclusão da Assembleia, convidando a um empenho mais preciso e determinado tanto na fase de instrução dos temas quanto na fase de elaboração do discernimento e tomada de decisão."

A opinião é de Piero Coda, teólogo e padre italiano, ex-reitor do Instituto Universitário Sophia, de Loppiano, Itália, e membro da Comissão Teológica Internacional. O artigo é publicado por Settimana News, 31-10-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

O relatório de síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos inclui entre as propostas aquela de “promover, em momento oportuno, o trabalho teológico de aprofundamento terminológico e conceitual da noção e da prática da sinodalidade antes da segunda sessão da Assembleia, valendo-se do rico patrimônio de estudos posteriores ao Concílio Vaticano II e, em particular, dos documentos da CTI sobre A sinodalidade na vida e missão da Igreja (2018) e o sensus fidei na vida da Igreja (2014)” (I, 1, p).

O Relatório formula também a seguinte proposta: “Sejam avaliados os frutos da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos” (III, 20, j).

A exigência de uma contribuição mais orgânica e articulada da teologia e do direito canônico foi, de fato, amplamente registrada e expressa na conclusão da Assembleia, convidando a um empenho mais preciso e determinado tanto na fase de instrução dos temas quanto na fase de elaboração do discernimento e tomada de decisão.

Tudo isso convida a um maior empenho na previsão da metodologia a ser implementada para promover uma contribuição adequada da competência teológica e canonista para o desenvolvimento do processo sinodal.

Na minha opinião, três diretrizes podem ser seguidas para alcançar tal objetivo no percurso entre a primeira e a segunda Sessão da Assembleia Sinodal:

  • Levando em conta a necessidade de "aprofundar e esclarecer a forma como os especialistas de diferentes disciplinas, em particular teólogos e canonistas, possam dar a sua contribuição aos trabalhos da assembleia sinodal e aos processos de uma Igreja sinodal" (III , 20, g), explicitar o método de trabalho da inteligência teológica e canonista, especificando a relação hermenêutica e crítica da circularidade, à luz da Palavra de Deus e da Tradição, com o sensus fidei e a experiência do Povo de Deus, com o magistério vivo, com os sinais dos tempos, na perspectiva da “mudança de época” que estamos vivendo – trata-se de uma imprescindível focalização epistemológica do estatuto e do método da teologia e do direito canônico que, em sintonia com o Concílio Vaticano II, se traduz no convite a dar um passo em frente em muitos aspectos inédito, sintonizando-se em profundidade com a novidade propiciada pelo processo sinodal;

  • Ativar essa renovada consciência epistemológica graças a uma dinâmica efetivamente sinodal na implementação da competência teológica e canonista através da escuta mútua, do diálogo, do discernimento comunitário envolvendo os teólogos e os canonistas que participam do processo – trata-se de uma imprescindível condição de exercício da inteligência teológica e canonista que se produza de forma sinodal para poder oferecer a contribuição necessária ao desenvolvimento e ao resultado eficaz do processo sinodal que envolve todo o Povo de Deus;

  • Rever, também tendo isso em conta, a configuração e a prática do método da "conversação no Espírito" para que proporcione uma conjugação oportuna e incisiva entre a dimensão espiritual-existencial e a dimensão intelectual-prática, em conformidade com a vocação de inteligência da fé, que é específica da teologia, e do empenho com a determinação normativa da práxis eclesial, que é específica do direito canônico - trata-se de responder com isso, por um lado, ao convite dirigido em geral a "esclarecer de que forma a conversação no Espírito possa integrar os aportes do pensamento teológico e das ciências humanas e sociais" (I, 2, h), e, por outro, ao convite dirigido em particular aos "especialistas de diversos campos do conhecimento para amadurecer uma sabedoria espiritual que permita que a sua competência especializada se torne um verdadeiro serviço eclesial. A sinodalidade nesse âmbito exprime-se como vontade de pensar juntos ao serviço da missão, na diversidade das abordagens, mas na harmonia das intenções” (III, 15, i).

Para iniciar uma reflexão sobre o assunto e alcançar resultados apreciáveis e utilizáveis no processo sinodal, resulta essencial uma reconfiguração adequada, com base no caminho percorrido até aqui, de um grupo de trabalho enxuto e sinérgico com esse objetivo que seja uma expressão qualificada das diferentes competências em jogo.

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