11 Outubro 2023
A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 10-10-2023.
O Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF), encabeçado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, acaba de publicar em seu site um documento no qual o novo prefeito fica de fora da maioria dos casos a que diz respeito o artigo 6, aqueles que se referem ao abuso de menores por parte do clérigo. A decisão anunciada no referido texto está sendo avaliada por algumas associações de vítimas, como um enfraquecimento da seção disciplinar, privada do apoio da autoridade máxima do dicastério que trata dos abusos clericais.
Para esclarecer a questão como merece, tivemos uma conversa informal com o cardeal Víctor M. Fernández, que começa por defender o profissionalismo e o bom trabalho da seção disciplinar do seu dicastério: “Posso lhes assegurar que a seção disciplinar do dicastério tem um desempenho muito bom, profissionais que trabalham com muito rigor. Estou perto deles, não para interferir no trabalho, mas para apoiar para que trabalhem com liberdade e sem pressão. A eles eu ofereço o que necessitam e de fato a seção disciplinar continuará a ter muito mais funcionários do que a seção doutrinal, além dos recursos de que necessitam”.
Segundo o prefeito da DDF, não há nenhum enfraquecimento da seção disciplinar e, muito menos, um fracasso na luta incansável contra a praga dos abusos: “Sem dúvida a luta contra a pedofilia continuará com força total, não apenas na dinâmica da tolerância zero, porque acredito que temos que avançar muito mais numa tarefa de prevenção, na transformação da preparação de novos sacerdotes e no acompanhamento de jovens sacerdotes”.
E acrescentou: “Esta não é uma tarefa específica deste DDF, mas de toda a Igreja, com a ajuda de especialistas de diversas disciplinas”.
Questionado sobre a coordenação do DDF com a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores (PCTM), para garantir que a justiça tenha em conta a prevenção e assim evitar uma maior incidência de tais crimes, dom Víctor Fernández explica: “Aqueles que trabalham na proteção de menores têm feito progressos. Embora seja uma área que está sob a égide deste dicastério, não depende estritamente das autoridades do dicastério, mas tem autonomia e refere-se ao Santo Padre. Temos a tarefa específica de fazer justiça em casos de abuso. Em todo o caso, creio que este dicastério pode colaborar com eles e com as outras entidades da Santa Sé no aprofundamento das causas da pedofilia. Fazer justiça é essencial, mas é ainda mais essencial evitar que outros sofram a mesma tragédia no futuro”.
O cardeal prefeito quer deixar bem claro que a seção disciplinar do seu dicastério não baixa a guarda nem a intensidade na perseguição dos abusos: “Quero assegurar que a tendência da secção disciplinar não é ser negligente, fraca ou pouco exigente contra os acusados de crimes contra menores. Pelo contrário, recebem censuras de pessoas que os consideram demasiado duros com os sacerdotes”.
Por isso, Fernández insiste mais uma vez na confiança que deposita na seção disciplinar, em cujo trabalho canônico não é aconselhável a interferência de um teólogo: “Eles me mantêm informado e eu os incentivo constantemente a fazer justiça com convicção. Mas tenho a tranquilidade de ver que funcionam muito bem e o pulso não treme. Posso assegurar-lhe isso e não creio que seja conveniente para um teólogo interferir no seu trabalho especificamente canônico”.
Por último, Víctor Manuel Fernández conclui a conversa lembrando que “por outro lado, o dicastério também colabora enviando especialistas in loco, como tem sido feito nestes dias enviando um oficial ao Chile e ao Peru e depois aos países centro-americanos”.
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Víctor Manuel Fernández: “A luta contra a pedofilia continuará com força total” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU