Víctor M. Fernández: “O Papa não acredita que se esperem mudanças importantes deste Sínodo sobre questões conflitantes”

Foto: Religión Digital

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

28 Setembro 2023

  • "Provavelmente alguns me receberam como receberam o Papa Francisco na época. Mas devo dizer que em muitos encontrei uma atitude de respeito e expectativa saudável", diz o cardeal designado.

  • "Uma maneira diferente de lidar com questões difíceis, que envolve ouvir a pessoa que parece ter um pensamento 'perigoso', entender quais são suas preocupações legítimas e encontrar um caminho de compreensão".

  • Francisco "não é conservador nem progressista. Ele não está interessado em novidade por causa da novidade, o que seria muito superficial".

  • "O Papa sempre temeu que sua visita, em vez de contribuir para uma paz social genuína, pudesse levar a mais tensões, confrontos. Teremos que ver qual será o contexto depois das eleições."

A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 05-07-2023.

"O papa não acredita que grandes mudanças em questões controversas devam ser esperadas deste sínodo". É o que diz seu amigo e novo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Dom Víctor Manuel Fernández, entrevistado por Elisabetta Piqué em La Nación. O motivo? "O tempo disponível não seria suficiente para estudar nenhum deles em profundidade. É antes um momento de reflexão em que a Igreja volta a perguntar-se quem é, para que serve, o que Deus espera dela neste momento histórico", explica o cardeal designado. E, por isso, conclui este tema garantindo que Francisco está "relaxado" antes da convocação sinodal.

Dom Víctor Fernández confessa estar confortável em sua nova missão, onde foi bem recebido: "Provavelmente alguns me receberam como receberam o Papa Francisco na época. Mas devo dizer que em muitos encontrei uma atitude de respeito e expectativa saudável: sabem reconhecer que alguém que traz uma experiência diferente tem algo a contribuir, ao mesmo tempo que expressam suas propostas com gentileza. Até agora não encontrei resistência".

Ele reconhece que, como o Papa lhe disse em sua carta de apresentação, encara sua nova tarefa de uma "maneira diferente". Ou seja, "uma forma diferente de lidar com questões difíceis, que passa por ouvir a pessoa que parece ter um pensamento 'perigoso', compreender quais são as suas legítimas preocupações e encontrar um caminho de compreensão. Isso é mais difícil do que condenar, exige arte e maior aprofundamento. Mas, ao mesmo tempo, é mais emocionante".

Claro, sem pôr em causa a doutrina, deitando assim fora os receios demonstrados pelo setor conservador da Igreja: "O Papa Francisco não é conservador nem progressista. Ele não está interessado em novidade por causa da novidade, o que seria muito superficial. Porque há coisas de outros tempos que têm muito a nos ensinar hoje. De qualquer forma, busca que o ensinamento de Jesus, que tem 2000 anos, possa se fecundar ainda hoje e iluminar as situações atuais".

Quanto aos acontecimentos atuais na Argentina, D. Víctor Fernández confessa: "Meu maior medo é que muitas pessoas votem por raiva e decepção e se exponham a ficar ainda mais desiludidas. Porque pode ser um voto apaixonado direcionado para uma oferta que vai justamente em uma linha contrária ao que eles esperam da política".

Além disso, como disse em entrevista recente ao Religión Digital, voltou-se a questionar uma viagem do papa à Argentina no ano que vem.

Embora você já tenha deixado isso ser entendido em uma entrevista recente à Religión Digital, podemos deduzir que, em tal cenário, uma viagem do Papa à Argentina é altamente improvável?

Ele sempre temeu que sua visita, em vez de contribuir para uma paz social genuína, pudesse levar a mais tensões, apalpações, confrontos. Resta saber qual será o contexto após as eleições. Por outro lado, Francisco já expressou que nesta idade não pode fazer tudo e ainda tem viagens pendentes a lugares que nunca receberam a visita de um papa.

Leia mais