19 Setembro 2023
A recente nomeação de outro jesuíta para um cargo importante na Cúria Romana provocou muitos comentários.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 18-09-2023.
As línguas estão soltas no Vaticano após uma das últimas nomeações do Papa Francisco para a Cúria Romana. A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou no dia 14 de setembro que o papa havia escolhido o padre jesuíta Antonio Spadaro para ser subsecretário do Dicastério para a Educação e Cultura. A nova atribuição – que só entra em vigor no próximo mês de janeiro – confere ao italiano de 57 anos um cargo importante neste "ministério" chefiado por José Tolentino de Mendonça, o cardeal e poeta português que se mostra muito em sintonia com o papa.
Spadaro é uma figura conhecida no Vaticano e na Itália. Nos últimos doze anos, foi editor-chefe de La Civiltà Cattolica, a principal revista jesuíta cujas edições são validadas pela Secretaria de Estado do Vaticano. Natural da Sicília, ele é conhecido como um dos assessores do papa. Mais que isso, Spadaro é um dos mais fervorosos defensores do pontificado, particularmente dos seus pontos mais estratégicos, como a reforma sinodal de Francisco e a política da Santa Sé para a China.
O Pe. Nuno da Silva Gonçalves, SJ (à esquerda) e Pe. Antonio Spadaro, SJ. (Foto: Vaticano News)
Mas se sua nomeação para a Cúria causou agitação, é porque ela alimenta uma crítica que se tornou uma espécie de ruído de fundo em certos corredores do Vaticano: que os jesuítas, e portanto membros da mesma ordem que o papa, estão agora presentes em todos os lugares.
É verdade que um certo número de altos funcionários da Santa Sé pertencem de fato à Companhia de Jesus. Por exemplo, há o cardeal Michael Czerny, canadense nascido na República Tcheca e prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, é o responsável por questões estratégicas como a economia, os migrantes e o meio ambiente. Depois, há o cardeal Jean-Claude Hollerich, do Luxemburgo, relator geral do Sínodo sobre a sinodalidade. Ele também é jesuíta.
Mas quando se olha atentamente para o site da hierarquia católica, há apenas quatro membros da Companhia de Jesus (um deles o papa) na lista dos 115 funcionários mais graduados da Cúria.
Além das fantasias que os jesuítas podem alimentar, a nomeação de Spadaro apenas aumentou a conversa de que o pontificado de Francisco está próximo do fim. As discussões estão agora acirradas sobre quem sucederá ao papa argentino, mas sobretudo a respeito do legado que o sucessor de Bento XVI deixará à Igreja. Esta questão também estará no centro da assembleia sinodal sobre o futuro da Igreja Católica, cuja primeira das duas sessões terá início em 4 de outubro no Vaticano.
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Os jesuítas estão assumindo o controle do Vaticano? Não, apenas quatro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU