14 Setembro 2023
A Santa Sé mostrou-se preocupada com o avanço na utilização dos chamados “robôs assassinos” e outros avanços na indústria armamentista, por aumentar “a brutalidade da guerra” e facilitar o acesso a equipamentos químicos e nucleares.
A reportagem é publicada por Télam, 13-09-2023.
O Vaticano apelou a especialistas de todo o mundo para analisarem o impacto da Inteligência Artificial (IA) na indústria de armas, como a utilização dos chamados “robôs assassinos” e armas automatizadas, com a realização de um seminário em conjunto com o norueguês instituto de estudos para a paz PRIO, que procurará fazer uma “avaliação ética” dos últimos avanços tecnológicos na área. “A investigação em inteligência artificial permitiu o desenvolvimento de novos sistemas de armas automatizadas, enquanto as tecnologias digitais são cada vez mais utilizadas como armas em conflitos cibernéticos”, afirma o programa que a Pontifícia Academia das Ciências Sociais e o PRIO organizarão no Vaticano nos dias 19 e 20 de setembro, de acordo com o convite ao qual a Télam teve acesso.
O encontro de dois dias terá como ponto de partida a memória do 60º aniversário da encíclica Pacem in Terris, do Papa João XXIII, “escrita na sequência da crise dos mísseis cubanos”. “A guerra é hoje um problema moral não menos urgente do que quando apareceu a Pacem in Terris em abril de 1963”, acrescenta o programa. Um dos responsáveis pela mesa de abertura prevista para terça-feira, dia 19, é o diretor do PRIO e consultor do Prêmio Nobel da Paz, Henrik Urdal, que em entrevista ao Télam de Oslo reconheceu que o evento terá como foco a modernização de armas e a Inteligência Artificial já que "há é a preocupação com a proliferação de uma tecnologia que potencialmente permite a sua utilização para armas químicas e nucleares." Em particular, por exemplo, há preocupação com armas como os chamados ‘robôs assassinos’ e armas automatizadas, uma vez que estes desenvolvimentos gerados a partir do uso da IA podem aumentar a brutalidade da guerra, uma vez que são baseados em algoritmos. “Eles podem causar muitos danos e são muito difíceis de regular”, alertou Urdal.
Outra das premissas dos dois dias de trabalho que serão realizados na sede da academia vaticana é que "as formas poderosas de desinformação digital estão a aumentar, e a guerra híbrida (que combina medidas militares, cibernéticas e econômicas) intensificou a nuvem sombria da insegurança que paira sobre nós".
Para os organizadores, "neste contexto, a reflexão ética sobre as tecnologias bélicas contemporâneas, as restrições que lhes devem ser impostas, as proibições que estão em ordem e as salvaguardas que devem ser estabelecidas para garantir a proteção da humanidade, é um imperativo da nossa tempo". “Foram convidados especialistas que possam abordar os mais recentes avanços tecnológicos em conflitos armados e fornecer uma avaliação ética das perspectivas de alcançar uma paz estável neste contexto em rápida evolução”, acrescenta o convite com o qual Télam concordou.
Entre os participantes também estarão o cardeal ganês Peter Turkson, a presidente da Academia do Vaticano Helen Alford, o chanceler austríaco Alexander Kmentt, membros da Academia Naval dos Estados Unidos, do Instituto da Paz de Estocolmo e acadêmicos das Universidades de Columbia, Notre Dame e Bolonha, entre outros.
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Alerta no Vaticano para uso de Inteligência Artificial para criação de armas automatizadas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU