Pesadas acusações contra os Legionários de Cristo

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12 Setembro 2023

"[Denúncias] fornecem informações sobre o contexto da congregação dos Legionários de Cristo e das consagradas do Regnum Christi, onde ocorreram continuamente abusos de poder sobre as consciências, e onde até as agressões sexuais eram comuns. Confessam que é difícil entender a realidade para quem não a vivenciou pessoalmente e que há aspectos difíceis de interpretar", escreve o cientista político italiano Francesco Strazzari, professor de Relações Internacionais na Scuola Universitaria Superiore Sant’Anna, em Pisa, na Itália, publicado por Settimana News, 07-09-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

A notícia, divulgada pelo blog espanhol Religion digital, bem conhecido e seguido não só na Espanha, mas também na América Latina, lança sombras escuras e inquietantes sobre a congregação fundada por Marcial Maciel Delgado (1920-2008).

Um número significativo de ex-consagradas, especialmente de nacionalidade chilena, mas também argentina, brasileira e mexicana do movimento dos Legionários de Cristo, tornou público um documento.

Sentiram o dever de levantar sua voz e dar informações para explicar a sua escolha e trazer ao conhecimento as circunstâncias e as situações vividas enquanto faziam parte do Regnum Christi e eram parte integrante do Centro de Estudos.

Fornecem informações sobre o contexto da congregação dos Legionários de Cristo e das consagradas do Regnum Christi, onde ocorreram continuamente abusos de poder sobre as consciências, e onde até as agressões sexuais eram comuns. Confessam que é difícil entender a realidade para quem não a vivenciou pessoalmente e que há aspectos difíceis de interpretar.

Um ponto é claro: as normas eram desumanas e danosas, e deviam ser observadas para viver com lealdade e amor a Deus, sem questioná-las, tal era a estima pelos superiores, que se reportavam ao próprio Deus.

O que lhes era dito e pedido? Que o fundador: era um líder a venerar e não discutir. Qualidades que eram reconhecidas para todos os superiores.

As consagradas não deviam levar em consideração o seu próprio julgamento, mas dar a máxima consideração ao dos seus superiores, um “holocausto apreciado por Deus”. Um ato total de abnegação, como expressavam os estatutos.

O tempo: o controle do seu uso era exigente, até o mínimo detalhe, rigoroso e onipresente por parte dos superiores. O que dava ao diretor domínio absoluto sobre todo movimento e atividade de sua comunidade. Era severamente proibido questionar o comportamento dos superiores.

Proibição absoluta de revelar pensamentos, emoções e modo de vida pessoais, tanto dentro como fora da instituição. O que comportava não falar no mundo exterior sobre seus problemas, mesmo aqueles inerentes ao foro interno. Apenas os superiores deviam saber de tudo.

Ter amizades era considerado “ser infiel a Deus”. Eram, consequentemente, completamente isoladas das demais consagradas. Em muitos casos, mesmo no campo afetivo, tratava-se de uma total dependência dos superiores.

Sem acesso à imprensa, aos meios de comunicação de massa e às publicações, exceto receber notícias previamente selecionadas. Repugnante o confisco de documentos pessoais.

“Demos muitos anos de nossas vidas para servir a um movimento fundado por um sacerdote que, sob as aparências de líder carismático, foi reconhecido como pederasta e drogado, que usava múltiplas identidades por meio de documentos falsos, com várias mulheres e filhos, contrário a toda norma civil de qualquer país, contrário à figura sacerdotal professada por toda a Igreja Católica”.

Seu modo de vida – escrevem no documento – é conhecido apenas por quem fez parte de comunidades de consagradas.

A conclusão do documento é perturbadora e chama em causa as várias congregações romanas, as cúrias diocesanas, bispos, religiosos e padres. Eles não sabiam de nada?

Como ex-consagradas e parte integrante do Centro de Estudos, esperamos que se faça justiça, respeitando a presunção de inocência e os devidos processos. Mas, também, esperamos que o poder não corrompa a justiça e que a verdade – e somente a verdade – venha à luz.

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