09 Junho 2023
A Arquidiocese de Manaus celebrou neste 8 de junho a Solenidade de Corpus Christi, ocasião para “testemunharmos a presença de Jesus, uma presença humilde, simples, alimentícia”, afirmou o cardeal Leonardo Steiner no início da celebração eucarística realizada nas ruas do centro da cidade, que também acolheram o decorrer da procissão posterior. Segundo o arcebispo, “podemos testemunhar andando com Ele pelas ruas da nossa cidade essa presença de Deus que nos alimenta, nos fortifica e nos transporta”.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O cardeal Steiner começou sua homilia citando as palavras de Jesus na passagem do Evangelho do dia: “Eu sou o Pão Vivo descido do Céu”. Dom Leonardo destacou que “Jesus vai descrevendo o Pão que é Ele mesmo, Ele que alimenta, a vida dele que nos é dada, nos é transmitida, a vida dele, sua palavra, que nos alimenta, nos ilumina, nos guia. Por isso, ele insistiu em que “o pão vivo descido do céu não é o fermento, é o pão vivo, a pessoa de Jesus, a pessoa de Jesus que vai nos iluminando, guiando, nos transformando, vai criando vida da comunidade”.
“O pão vivo descido do céu, Jesus que veio ao nosso encontro, o sentido da nossa fé, o sentido das nossas comunidades, o sentido das nossas vocações, o sentido de nos encontrarmos aqui”, ressaltou. Ele lembrou que “quem vive de Jesus, quem se alimenta de Jesus, quem se dessedenta de Jesus, tem a vida eterna”, que segundo o arcebispo “vem na medida que vamos nos deixando tomar por Jesus, vamos nos alimentando de Jesus, vamos bebendo a vida de Jesus”.
O arcebispo repassou as leituras do dia, destacando na primeira que “o povo nem sempre foi fiel, mas Deus cuidou de ter um alimento, um alimento que eles não conheciam, mas os alimentou, fez a travessia, chegaram à terra da promessa”. Segundo Dom Leonardo, “é esse pão descido do céu que nos faz fazer a travessia, que nos faz atravessar os desertos da vida, nas dores e os sofrimentos”, uma travessia de esperança, segundo o arcebispo, que nos leva à terra da promessa. Dom Leonardo comparou a terra da promessa com “o Reino novo, anunciado, transformado, vivificado por Jesus”, insistindo em que “não vivemos só de esperança, nós vivemos de uma realidade, o Reino novo, o Reino do céu”.
Solenidade de Corpus Christi | Luis Miguel Modino
Na segunda leitura destacou que “repartir traz comunhão”, afirmando que “Jesus se reparte, não se reserva, não se retrai, caminha, se entrega, divide, oferece a própria vida”. Se referindo à vida de casa, ele insistiu em que “criamos comunhão quando sabemos nos acolher, sabemos amar, sabemos codividir”, algo que também se dá nas comunidades, “onde existe partilha, existe comunidade, existe comunhão”. Ele também disse que “uma sociedade onde se divide há comunhão”, afirmando que “é tão difícil na nossa sociedade de hoje codividir, é mais fácil dividir, segregar, afastar, fechar a porta de quem às vezes tem um cheiro de droga, tem um cheiro de bebida alcoólica, tem cheiro de urina, tem cheiro de fezes”.
O cardeal denunciou que “nós não conseguimos criar comunhão na nossa sociedade, nós vivemos segregados, nós vivemos divididos, porque não sabemos codividir, não sabemos sair ao encontro”. Igualmente destacou que “a Eucaristia é sinal de unidade”, falando de “uma unidade que cria comunhão”, algo que lhe levo a dizer que “muitas vezes como Igreja, também aqui em Manaus, nós não sabemos criar uma profunda comunhão, uma profunda unidade, é apenas os meus interesses, as minhas compreensões”.
Frente a isso, insistiu em que “quando olhamos para Jesus na Eucaristia, todos nós pertencemos a Ele, todos nós dele nos alimentamos, todos nós com nosso olhar voltado para Ele, porque dele vivemos, a Ele nós seguimos. Não seguimos ideologias, seguimos o pão descido do céu”. Daí, o arcebispo fez um chamado a “que cresçamos na nossa comunhão, na nossa unidade como Igreja, como Arquidiocese”, denunciando nas comunidades “um outro grupo querendo separar, um outro grupo achando que eles são os verdadeiros adoradores”, questionando se eles são adoradores de Jesus e da Eucaristia, e chamado a que “tenhamos um grande amor a Jesus Eucaristia”.
O arcebispo lembrou dos homens e mulheres que ao longo da história “viveram de Jesus pão descido do céu, repartiram, doaram sua vida, porque olharam para Jesus e viram que a vida é para o outro”, pedindo que “Deus nos dê a graça de saber celebrar bem as nossas Eucaristias, e que Deus nos dê a graça de termos Eucaristia nas comunidades que tem às vezes duas, três vezes por ano”, inclusive na Arquidiocese de Manaus. Isso “porque toda Igreja se alimenta de Jesus, toda Igreja vive de Jesus, o pão descido do céu”. O arcebispo pediu “que Ele nos ajude a caminhar, que Ele nos ajude a esperançar, mas que Ele nos ajude também a repartir para que ninguém passe fome”.
Solenidade de Corpus Christi | Luis Miguel Modino
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Dom Leonardo: “Não seguimos ideologias, seguimos o pão descido do céu” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU