14 Abril 2023
Com o diabo não se discute, não se dialoga, não se negocia. De acordo com as citações feitas até agora durante as audiências ou em conversas com grupos de fiéis, e ainda nas homilias, nos documentos, o demônio é uma figura que aparece bastante na pregação do Papa Bergoglio, tanto que em relação a seus predecessores foi usada com mais frequência.
Obviamente, não se trata do diabinho com o forcado vestido de vermelho, mas da força do mal que se insinua por toda parte, nas frestas da história, até na Igreja. Resulta que para o Papa Bergoglio constitui a raiz de muitos problemas: divisões, brigas, cismas, comportamentos errados, corrupção, visões distorcidas da realidade.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 12-04-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
De fato, o príncipe das trevas, o anjo caído por excelência foi mencionado muitas mais vezes do que fizeram Bento XVI ou João Paulo II, bem como qualquer outro predecessor no último meio século. Francisco constantemente lembra aos fiéis católicos a existência do maligno e suas várias tentações. Ele já o evocou centenas de vezes e basta fazer uma busca no Google para perceber como e quanto o mysterium iniquitatis está presente no mundo contemporâneo.
Às vezes Francisco fala a respeito haurindo diretamente das Sagradas Escrituras, outras vezes dando exemplos práticos retirados da vida cotidiana para fazer os interlocutores entenderem que não se trata de uma abstração simbólica, fruto de fantasias, mas de uma força negativa e incontrolável capaz de destruir perenemente a humanidade, na corda bamba entre o bem e o mal.
Recentemente, o vaticanista Fabio Marchese Ragona em um livro dedicado ao tema (Esorcisti contro Satana, edições Piemme) quis consultar diretamente o Papa, perguntando-lhe se essa sua ideia fixa era resultado de exorcismos praticados no passado. A resposta que recebeu foi negativa. Bergoglio nunca realizou um exorcismo, embora durante sua vida sacerdotal muitas vezes tenha se deparado com casos de natureza duvidosa que, por prudência, enviou a exorcistas especializados.
Esorcisti contro Satana
“Quando eu era arcebispo de Buenos Aires, tive vários casos de pessoas que me procuraram dizendo que estavam possuídas. Enviei-as para se consultar com dois bons sacerdotes ‘especialistas’: não em cura, mas em exorcismo. Um deles se chama Carlos Alberto Mancuso e era exorcista na diocese de La Plata”.
“O outro era meu confessor, padre Nicolas Mihaljevic, um jesuíta nascido na Croácia. Ambos me disseram mais tarde que dessas pessoas apenas duas ou três eram realmente vítimas de possessão diabólica. As outras sofriam de obsessão diabólica, o que é algo bem diferente porque não tinham o diabo em seus corpos. É bom especificar isso”.