De acordo com esta pesquisa do Ifop-Fiducial, à pergunta: “Você pessoalmente acredita em Deus?", mais de um em cada dois franceses respondeu “não”.

A reportagem foi publicada por Le Point, 07-04-2023.

A fé recua na França. Segundo um estudo publicado na sexta-feira, 44% dos participantes dizem acreditar em Deus contra 49% em 2021, e com diferenças marcadas consoante os grupos etários, local de residência e padrão de vida em particular.

Para a pergunta: "Você pessoalmente acredita em Deus?", uma maioria de 56% respondeu que não e 44% respondeu que sim, de acordo com a pesquisa Ifop-Fiducial encomendada pela Sud Radio. A maioria dos entrevistados ainda respondeu afirmativamente em pesquisas anteriores: assim, 55% disseram que eram crentes em 2004 e 56% em 2011.

A faixa etária de 18 a 24 anos é a que menos acredita em Deus (36% contra 64% que não acreditam nele), mas a faixa etária logo acima, a de 25 a 34 anos, representa 47% dos crentes. Então caímos para 38% dos crentes na faixa etária de 35 a 49 anos. São 46% na faixa etária de 50 a 64 anos e 50% na faixa etária de 65 anos ou mais. Por outro lado, a diferença é mínima entre homens e mulheres: 45% dos homens e 44% das mulheres afirmam ser crentes.

Quem são os crentes?

A fé varia de acordo com a renda: é menor tanto entre os mais ricos (mais de 2.500 euros por mês por pessoa em casa) com 40% que se dizem crentes, quanto entre os mais pobres (menos de 900 euros por mês por pessoa em casa), 39% dos quais afirmam ser crentes. É na classe média baixa (de 1.300 a 1.900 euros) que a proporção de pessoas que se dizem crentes é maior (48%).

Por afinidade política, o menor índice de pessoas que dizem acreditar em Deus está entre os simpatizantes da EELV (31%) e o maior entre os republicanos (69%). A taxa aproxima-se da média nacional entre os simpatizantes do RN (44%) ou do LFI (42%), ligeiramente superior entre os do PS (49%) ou do Renascimento (50%).

Finalmente, a crença em Deus é muito mais forte na periferia parisiense (59%) do que nas comunas rurais (37%), enquanto as comunas urbanas provinciais (43%) estão próximas da média nacional.

A pesquisa foi realizada on-line nos dias 4 e 5 de abril de 2023 com uma amostra representativa de 1.006 pessoas com 18 anos ou mais, pelo método de cotas.

Leia mais

• Rumo à implosão da Igreja. Entrevista com Danièle Hervieu-Léger
• Novo livro alerta sobre a implosão da Igreja na França
• Implosão da Igreja agendada
• A Implosão da Igreja Católica Romana
• França. “Os fiéis têm a impressão de que a Igreja está enfrentando um enorme perigo”. Entrevista com Céline Béraud
• Um ''milagre Francisco'' no catolicismo francês?
• Catolicismo francês e a ruptura do Vaticano II
• Catolicismo francês em risco de implosão. Artigo de René Poujol
• Novo livro alerta sobre a implosão da Igreja na França
• A Igreja Católica vive uma crise sem precedentes. Entrevista com Philippe Portier
• A batalha perdida da Igreja. Artigo de Danièle Hervieu-Léger
• ''É preciso questionar a nossa ansiedade diante da pluralidade''. Entrevista com Danièle Hervieu-Léger
• O futuro do cristianismo será o mesmo do passado: 'minorias abraâmicas'. Entrevista especial com Eduardo Hoornaert
• Depois da cristandade. O catolicismo em um futuro mais secular
• O florescer de um Evangelho auscultado numa floresta de religiões
• Valores cristãos, valores seculares e por que eles precisarão um do outro na década de 2020. Artigo de Alec Ryrie
• Sobre a crise do cristianismo. Ensaio de diagnóstico e perspectivas de futuro. Artigo de Anne-Marie Pelletier
• França. Católicos se inclinam à extrema-direita nas eleições presidenciais
• Entre laicidade, declínio e solidão: os mal-estares da igreja da França
• Abusos na Igreja: o massacre francês
• O cristianismo está evaporando na sociedade de hoje?
• “A atual transformação do cristianismo exige uma mudança de paradigma dentro da Igreja Católica”
• França. Escândalos sexuais na Igreja: “A situação é realmente crítica”
• “O catolicismo de amanhã será diaspórico ou não será.” Entrevista com Danièle Hervieu-Léger
• “Os abusos não são um problema que resolvemos, mas uma questão que carregamos conosco”. Entrevista com Patrick Goujon
• “Um gotejamento mortal”: as ordens religiosas da França procuram cortar os abusos pela raiz