02 Março 2023
Três astrônomos do Observatório do Vaticano e um papa ligado ao observatório agora têm asteroides com o nome deles.
A nota é publicada por Observatório do Vaticano, 28-02-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em 7 de fevereiro de 2023, o grupo de cientistas da União Astronômica Internacional, responsável por nomear pequenos corpos celestes, publicou a última série de asteroides nomeados (Boletim WGSBN 3, #2), que inclui:
- 562971 Johannhagen – em homenagem ao Pe. Johann Hagen (1847-1930), da Companhia de Jesus, e diretor do Observatório do Vaticano de 1906 a 1930.
- 551878 Stoeger – em homenagem ao Pe. Bill Stoeger, SJ (1943-2014), cosmólogo e teólogo do Observatório do Vaticano.
- 565184 Janusz – em homenagem ao Pe. Robert Janusz, SJ (nascido em 1964), atualmente na equipe do observatório.
- 560974 Ugoboncompagni – em homenagem a Ugo Boncompagni (1502-1585), Papa Gregório XIII, que dirigiu a reforma do calendário e deu início à tradição dos astrônomos e dos observadores papais. Ele encarregou o astrônomo Pe. Christopher Clavius, SJ (que também tem um asteroide com seu nome – 20237 Clavius) para trabalhar no projeto do calendário. Depois, ele escreveu o livro no qual explicava aquele que hoje é chamado de calendário “gregoriano”, usado em todo o mundo.
Jesuítas e papa que foram homenageados com os nomes de novos asteroides (Foto: Observatório do Vaticano)
Todos os quatro asteroides, ou “pequenos planetas”, têm vínculos com a Companhia de Jesus, os jesuítas. Mais de 30 asteroides levam hoje o nome de jesuítas. Alguns são jesuítas de séculos atrás, como Clavius ou o Pe. Giovanni Battista Riccioli (1598-1671), que desenvolveu o sistema de nomenclatura lunar usado ainda hoje (por exemplo, quando a missão Apollo 11 aterrissou no “Mar da Tranquilidade” lunar, o nome “Tranquilidade” derivava de Riccioli). Alguns, como Janusz, são jesuítas que trabalham ainda hoje.
Como os jesuítas viajaram muito durante séculos, esses mais de 30 asteroides representam diversas partes do mundo, como Filipinas (4866 Badillo), Paraguai (6438 Suarez), China (31124 Slavicek), República Democrática do Congo (23443 Kikwaya ) e Argentina (2490 Bussolini).
Asteroides com nomes de jesuítas. (Foto: Reprodução | Observatório do Vaticano)
Segundo a IAU, a atribuição de um nome particular a um determinado asteroide (planeta menor) ocorre por meio de um processo que, em alguns casos, pode durar décadas. Quando um novo planeta menor é descoberto, ele recebe uma denominação provisória, com base na data da descoberta, como por exemplo “2002 LM60”.
Quando a órbita do objeto é determinada de tal forma que sua posição possa ser prevista de modo confiável em um futuro distante (geralmente depois de ter sido observado quatro ou mais vezes ao se aproximar da Terra), ele recebe um número definitivo, emitido posteriormente pelo Centro de Planetas Menores da IAU, como “4179”.
Nesse momento, seu descobridor é convidado a lhe sugerir um nome. Não são permitidos nomes de animais de estimação ou nomes de natureza comercial. Os nomes de indivíduos ou de eventos conhecidos principalmente por razões políticas ou militares não podem ser utilizados até 100 anos após a morte do indivíduo ou da data do evento.
Os direitos de nomeação não podem ser adquiridos. Os nomes propostos são julgados pelo WGSBN, formado por 15 astrônomos profissionais de todo o mundo, com interesses de pesquisa relacionados aos planetas menores e aos cometas.
As buscas robotizadas têm descoberto milhares de novos asteroides, de modo que o WGSBN deve limitar o número daqueles que recebem um nome formal. Portanto, a maioria dos asteroides recebe apenas uma designação numérica.
Os asteroides Johannhagen, Stoeger e Janusz se somam a muitos outros já nomeados por astrônomos do Observatório do Vaticano, incluindo 302849 Richardboyle, 119248 Corbally, 14429 Coyne, 4597 Consolmagno, 23443 Kikwaya e 11266 Macke.
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Asteroides são “batizados” em homenagem a astrônomos jesuítas e um papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU