10 Janeiro 2023
"O acúmulo de responsabilidade sobre o bispo que o direito canônico atual prevê, seus papéis públicos e o pesado fardo da gestão dos abusos colocam a dura prova a saúde dos bispos. É bom levar isso em consideração", escreve Lorenzo Prezzi, teólogo italiano e padre dehoniano, em artigo publicado por Settimana News, 09-01-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Depois daquele de Mons. Valerio Lazzeri, da diocese de Lugano (Suíça) que, aos 59 anos, renunciou ao cargo em 10 de outubro, apareceram outros casos. Testemunhando que o burnout (depressão profissional) também afeta os líderes das Igrejas locais.
No dia 16 de novembro o Pe. Ivan Brient, nomeado bispo auxiliar de Rennes (França) dez dias atrás, antes da ordenação prevista para 4 de dezembro, escreve uma carta na qual explica por que teve que renunciar (com aprovação pontifícia).
Os preparativos para a celebração já estavam bem adiantados, mas “alguns problemas de saúde me alarmaram e me obrigaram a considerar melhor o empenho. Depois de algumas consultas foram claramente diagnosticados sinais alarmantes de esgotamento. Sinais que me permitiram compreender que, por um lado, já estava cansado e que, por outro, sentia as tensões que a missão (episcopal) estava despertando em mim e que teria dificuldade para a enfrentar".
E continua:
“Dois médicos me aconselharam veementemente a interromper tudo por causa da ameaça iminente de burnout. Falei sobre isso com o núncio e com Mons. Ornellas, a quem agradeço a escuta fraterna e a ajuda. Após o devido discernimento, pareceu-me mais sensato não ir mais longe na missão que me foi confiada. O peso me parecia excessivo e não queria correr o risco de ter que abandona durante o caminho e não poder desempenhar corretamente a missão de bispo auxiliar”.
Em 12 de dezembro, Robert Byrne (66 anos), bispo de Hexham e Newcastle (Grã-Bretanha), também renunciou de acordo com o papa. Depois de três anos de ministério, ele escreve aos seus fiéis: “Há algum tempo venho discernindo meu futuro e depois de muita oração e reflexão, é com o coração pesado que agora descubro que o cargo de bispo diocesano se tornou um peso demasiado grande e sinto que não posso mais servir o povo cristão da diocese como gostaria". E, depois de agradecer aos seus colaboradores, acrescenta: “Pretendo agora procurar novas formas de exercer o meu ministério episcopal na medida do possível e pelo tempo que puder, e para isso peço as vossas orações por mim, enquanto continuo a vos lembrar da minha".
No dia 28 de dezembro, Mons. Thierry Brac de La Perrière (diocese de Nevers, França) anuncia que deve tirar uma licença sabática de seis meses para recuperar as forças devido à depressão. "Preciso de um tempo de descanso, de uma recuperação espiritual, de um retorno das forças para poder desempenhar minhas funções da melhor forma possível". “Não posso me contentar em gerir as coisas dia após dia… Estou exausto, mas nada dramático. Eu só preciso de descanso".
Plenamente absolvido das acusações de ter encoberto um caso de agressão sexual, o bispo especifica que a suspensão da tarefa não abrange nenhuma acusação desse tipo: “No movimentado contexto da nossa Igreja francesa, percebo que essa suspensão corre o risco de ser interpretada pelos fiéis e pela mídia como o início de um novo escândalo. Nada disso. Por trás da decisão não há nada de condenável pela Igreja ou pela justiça civil".
O acúmulo de responsabilidade sobre o bispo que o direito canônico atual prevê, seus papéis públicos e o pesado fardo da gestão dos abusos colocam a dura prova a saúde dos bispos. É bom levar isso em consideração.
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Bispo: ofício desgastante. Artigo de Lorenzo Prezzi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU