O Papa aceita a renúncia de Ivan Brient, bispo auxiliar de Rennes.

• Brient, num gesto que o homenageia, deu as caras e explicou: demite-se por indicação expressa dos médicos, e por “sinais alarmantes de esgotamento”.

• “Dois médicos me pediram para parar imediatamente, ou eu teria me queimado”, enfatiza, acrescentando que relatou a situação tanto ao núncio quanto a Monsenhor d'Ornellas, bispo de Brennes, e levou alguns dias para refletir.

• "A todos vos peço perdão por este contratempo que vos pode surpreender. Cometi o erro de responder afirmativamente ao Santo Padre sem ter medido suficientemente o meu cansaço", acrescenta o sacerdote, que se apresenta perante os fiéis "com toda a a verdade e a simplicidade com minhas limitações de saúde".

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 17-11-2022.

Queimado. Assim se sente Ivan Brient, nomeado bispo auxiliar de Rennes, que renunciou ao cargo sem ter conseguido assumir o cargo. A razão? A chamada 'Síndrome de Burnout', um dos maiores problemas da Igreja, e um dos mais silenciados. Brient, num gesto que o homenageia, deu as caras e explicou: demite-se por indicação expressa dos médicos, e por “sinais alarmantes de esgotamento”.

O religioso havia sido nomeado auxiliar da diocese francesa em 7 de outubro, cargo que aceitou “com espírito de serviço, feliz por poder contribuir nesta nova missão para que nossa Igreja seja cada vez mais fiel ao Evangelho de Cristo”, escreve ele numa carta dirigida aos que deixarão de ser seus diocesanos.

“Eu estava me preparando para entrar no processo pastoral deste ano e dar minha contribuição para que juntos possamos alimentar nossa fé de acordo com a orientação básica dada pelo Arcebispo”, explica Brient, que confessa como “alguns dias depois, alguns problemas de saúde me alertaram e me convidou a ver de perto esse compromisso".

“Depois de consultar um médico, foram claramente diagnosticados sinais alarmantes de esgotamento”, diz o sacerdote, que admite que “estes sinais fizeram-me ver que, por um lado, estava cansado e, por outro, temia as tensões que este missão criariam em mim e que eu teria dificuldades para enfrentá-las".

“Dois médicos me pediram para parar imediatamente, ou eu teria me queimado”, enfatiza, acrescentando que relatou a situação tanto ao núncio quanto a Monsenhor d'Ornellas, bispo de Brennes, e levou alguns dias para refletir. A consagração episcopal, que não acontecerá mais, estava marcada para 4 de dezembro.

Uma carga "muito pesada"

"Depois de ter discernido, pareceu-me mais prudente não ir mais longe nesta missão que me foi confiada. A carga parecia-me demasiado pesada e não queria correr o risco de a ter de abandonar pelo caminho, nem de não podendo desempenhar corretamente esta missão de bispo auxiliar", confessa Brient na carta, na qual anuncia que, "com pesar, mas em paz, tomei a decisão de renunciar a esta missão, como escrevi ao Papa Francisco em 28 de outubro". Apenas duas semanas depois, o Pontífice aceitou sua decisão.

"A todos vos peço perdão por este contratempo que vos pode surpreender. Cometi o erro de responder afirmativamente ao Santo Padre sem ter medido suficientemente o meu cansaço", acrescenta o sacerdote, que se apresenta aos fiéis "com toda a verdade e simplicidade com minhas limitações de saúde".

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