02 Dezembro 2022
O governo Bolsonaro pegou o país com uma taxa de 7.500 km² e manteve os números com viés de alta durante os 4 anos de sua gestão.
A reportagem é de Nicole Matos, publicada por Portal Amazônia, 30-11-2022.
A área desmatada na Amazônia foi de 11.568 quilômetros quadrados entre agosto de 2021 até julho de 2022, de acordo com números do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que são os dados oficiais do governo federal, divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Pará, mesmo tendo reduzido em 21% a taxa de desmatamento de um ano para o outro, ainda foi o campeão em 2022, tendo mais de 4 mil km² de áreas afetadas. Em seguida aparecem o Amazonas, com 2.607 km², Mato Grosso, com 1.906 km² e Rondônia, 1512 km². O Acre desmatou 847km², Maranhão, 282 km², Roraima 240 km², Tocantins, 27 km² e Amapá, 6 km². Apenas o Amazonas teve aumento de suas taxas, de 13%.
“Um estado se sobressai e já mostra uma tendência muito preocupante: o Amazonas, que não tem a malha viária que tem o Mato Grosso, que garante os acessos às áreas florestais, e muito menos possui uma farta produção agrícola mas, mesmo assim, sua taxa de desmatamento superou a do MT, com uma ciclo de alta que começou em 2018 e se intensificou nos últimos 4 anos, um aumento de quase 150%.”, afirma Mauro Armelin, diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
O desmatamento permaneceu com viés de alta durante toda a gestão de Jair Bolsonaro. Os números do Prodes 2021 (período que engloba agosto de 2020 a julho de 2021), foram de 13 mil km² de área desmatada, maior número desde 2006, quando os os números começaram a diminuir, porém a partir de 2015 a área desmatada voltou a aumentar, principalmente nos últimos quatro anos.
“O regime Bolsonaro foi uma máquina de destruir florestas. Pegou o país com uma taxa de 7.500 km2 de desmatamento na Amazônia e o está entregando com 11.500 km2. A única boa notícia do governo atual é o seu fim”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Os dados do Inpe estavam prontos desde 3 de novembro, antes do início da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), que aconteceu em Sharm El-Sheikh, no Egito, mas a divulgação foi feita apenas dez dias após o encerramento do evento. A tradição de divulgar os dados durante a COP, que era mantida desde 2005 pelos governos brasileiros, foi quebrada pelo governo de Bolsonaro por dois anos consecutivos.
Um dos destaques do evento da COP27, foi o discurso do presidente eleito, Luiz Inacio Lula da Silva (PT), na qual reforçou que em seu governo a redução do desmatamento será prioridade, feito que ele conseguiu no seu último mandato.
Apesar dos altos índices de desmatamento e compromissos assumidos pelo país na última Conferência do Clima, a COP27, foram aprovados na última semana, 3 Projetos de Lei (PLs) que mostram que o Brasil ainda está na contramão de atuar em prol da mudança deste cenário. Os PLs 195/21 e 2168/21, que flexibilizam o Código Florestal, fazem parte do chamado “Pacote da Destruição” e “Saldão das Florestas”, e tem potencial de legalizar o que hoje é considerado como desmatamento ilegal.
Para Roberta del Giudice, secretária executiva do Observatório do Código Florestal (OCF), a aprovação desses projetos frente aos dados negativos é irresponsável, e a situação só vai mudar quando houver comprometimento do congresso para implantação do Código Florestal.
“A Lei só será de fato implementada quando o Congresso Nacional der sinais claros de que não haverá mais flexibilizações ou adiamentos. A aprovação destes projetos na Câmara dos Deputados foi uma completa irresponsabilidade, frente ao cenário atual de desmatamento, aquecimento global e perda de biodiversidade”, diz Del Giudice.
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Apesar da redução de 11%, desmatamento na Amazônia fica acima de 11 mil km² - Instituto Humanitas Unisinos - IHU