16 Novembro 2022
O secretário-geral da ONU renova seu apelo aos líderes mundiais: "O clima é o desafio mais importante do nosso tempo, o G20 deve visar suprir as divisões e encontrar respostas para esta e outras crises".
A reportagem é publicada por La Repubblica, 14-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na semana passada em seu discurso inaugural da COP27 no Egito, o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia afirmado que o mundo está "numa autoestrada para o inferno climático com o pé no acelerador". Guterres lançou hoje um novo apelo veemente aos líderes mundiais reunidos em Bali, na Indonésia, para a cúpula do G20, exortando-os a acelerar a ação pelo clima, pois, explicou ele, "estamos perigosamente perto" de um ponto sem volta. Guterres também pediu maior cooperação para a segurança alimentar e uma transformação digital "responsável".
“Nosso mundo está enfrentando seu momento mais crucial e precário em gerações. Populações em todo o mundo são impactadas por todos os lados, impactadas por mudanças climáticas implacáveis e esmagadas por uma crise do custo da vida. As divisões geopolíticas inflamam novos conflitos e tornam os antigos ainda mais difíceis de resolver", foi o início do discurso do secretário-geral da ONU. "O G20 é o ponto de partida para suprir as divisões e encontrar respostas para estas e outras crises. Em primeiro lugar, o clima, o desafio mais importante do nosso tempo".
"Acabo de voltar da cúpula COP27 de Sharm el-Sheikh", relatou ele. "A meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus está se afastando. Estamos perigosamente perto de pontos de virada onde o caos climático pode se tornar irreversível. A ciência nos diz que o aquecimento global além desse limite representa uma ameaça existencial para toda a vida na Terra. Mas as emissões globais e as temperaturas continuam a subir. Concordo que a loucura é fazer sempre a mesma coisa e esperar um resultado diferente".
"Precisamos de uma nova abordagem", pressionou Guterres. "É por isso que propus um pacto histórico entre economias desenvolvidas e emergentes: um pacto de solidariedade pelo clima que una as capacidades e os recursos das economias desenvolvidas e emergentes para o benefício de todos. Os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões globais. Os líderes do G20 podem fazer ou desfazer o Pacto de Solidariedade pelo clima. Com base nesse pacto, eles terão que fazer esforços suplementares nesta década para manter o limite de 1,5 graus.
Os países mais ricos e as instituições financeiras internacionais forneceriam assistência técnica e financeira para ajudar as economias emergentes a acelerar sua transição para energia renovável. O Pacto de Solidariedade pelo Clima pode salvar vidas, os meios de subsistência e o nosso planeta. Pode ajudar a acabar com a dependência de combustíveis fósseis e fornecer energia universal, acessível e sustentável para todos".
O secretário da ONU em seguida afirmou: "As metas para o desenvolvimento sustentável estão lançando um SOS. Os países em desenvolvimento não podem ter acesso aos financiamentos necessários para reduzir a pobreza e a fome e investir no desenvolvimento sustentável. Portanto, exorto as economias do G20 a adotar um pacote de estímulo para os objetivos que forneça aos governos do Sul global investimentos e liquidez e ofereça uma redução e reestruturação da dívida. Isso permitirá que as economias emergentes invistam em saúde, educação, igualdade de gênero e energias renováveis. Investir em seus povos e salvar a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. O estímulo para os objetivos é um passo mínimo e necessário para aliviar as crises alimentar e energética e evitar maiores sofrimentos e privações".
"Se esta crise climática continuar, não teremos recursos para ajudar a todos".
O novo lembrete sobre as responsabilidades dos países mais ricos também é importante: "Os países do G20, por serem as economias mais poderosas do mundo, com maioria nos conselhos de administração dos bancos multilaterais de desenvolvimento, podem e devem fazê-lo. Meus discursos nesta cúpula se concentrarão sobre as crises alimentar e energética e na transformação digital das nossas economias e sociedades. No que se refere aos alimentos, minha mensagem é que precisamos de uma ação urgente para prevenir a carestia e a fome em um número crescente de lugares no mundo".
"Hoje, ao recebermos o oitavo bilionésimo membro de nossa crescente família humana, devemos pensar no futuro", concluiu Guterres. "Até 2050, a população mundial se aproximará de 10 bilhões. A ação ou inação do G20 determinará se cada membro de nossa família humana terá a chance para viver de forma sustentável e pacífica em um planeta saudável".
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Guterres abre o G20: “Sobre clima, próximos ao ponto sem volta” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU