27 Setembro 2022
“Será um outono quente”. Emanuele Genovese, 25, de Roma e estudante de Estatística, está convencido disso. Emanuele estará nas ruas hoje, para a greve global pelo clima como centenas de milhares de seus pares em todo o mundo. E com os jovens do movimento Fridays for Future também muitos trabalhadores. Uma greve pelo clima que na Itália assume um significado particular, dois dias antes das eleições.
A entrevista é de Daniela Fassini, publicada por Avvenire, 23-09-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Vocês se encontraram com representantes políticos, como se sentem?
Ignorados. Mas isso tem sido uma constante desde o início. Apresentamos nossa agenda climática aos partidos (aqueles que confirmaram o encontro), mas as respostas foram poucas e vagas. Há sempre uma lacuna entre as ações do governo e o que dizem, principalmente na campanha eleitoral. Neste tempo estão dispostos a dizer quase qualquer coisa. Mas no final as posições que defendem são quase sempre insuficientes, além de inadequadas e cientificamente infundadas.
Mas não se salva nenhum um programa de partido?
Tivemos um encontro alargado com Fratelli d’Itália, o Partido Democrata e o Cinco Estrelas e depois também a Esquerda Italiana e a Europa Verde: poucas respostas. Todos querem ganhar a medalhinha de quem fala com os jovens. Mas depois não entram nos nossos conteúdos.
Mas alguns disseram que querem vê-lo periodicamente.
Mas qual é o sentido se não há premissas? Por exemplo, o Movimento 5Stelle colocou 2050 no símbolo, por razões climáticas. E, no entanto, está errado porque o objetivo fundamental para a descarbonização para a Itália é 2035. É claro que colocar 2050 no símbolo também confunde os italianos que pensam que têm mais tempo. Mas há outros conteúdos que não estão contemplados. Como a lei climática que ainda não temos e o plano de adaptação às mudanças climáticas.
A prioridade da emergência climática não é tão convincente e também demonstra que muitas vezes os nossos políticos não conhecem completamente o tema.
Então sempre "blá, blá, blá"?
Não quero ser pessimista: algo mudou desde que o movimento nasceu. Hoje nenhum partido pode se dar ao luxo de não incluir as fontes renováveis em seu programa. Mas falta um plano realista sobre a transição ecológica, especialmente para setores fundamentais como transporte e energia. Em geral, porém, posso dizer que ainda não chegamos lá.
O que prevê a sua 'Agenda'?
A crise climática é um fenômeno global que se manifesta, porém, em nível local. Nossas propostas se baseiam em cinco macroáreas (transporte e trânsito, energia, trabalho, construção e pobreza e água) que podem ser implementadas no futuro imediato, o que teria um impacto enorme. Não são propostas exaustivas: existem muitos outros âmbitos interligados que deveriam ser abordados. Mas não é possível se esconder atrás da complexidade, usando-a como desculpa para adiar a implementação das medidas necessárias. É por isso que queremos partir dessas propostas, com a consciência de que devem ser apenas o ponto de partida.
Alguns exemplos práticos?
Existe esse instrumento das comunidades energéticas: quase todos os partidos falam sobre isso, mas não há um verdadeiro impulso ou incentivo. Ou seja, limitamo-nos a repetir uma diretiva europeia. Enquanto isso, todos os partidos se dedicaram aos regaseificadores e outras propostas de curto prazo sobre gás e instrumentos dedicadas às energias renováveis e às comunidades, não há traços.
O que vocês propõem?
Propomos fazer uma comunidade energética para cada município, como fizeram na Espanha.
Com uma média de 8 mil comunidades energéticas de 10 megawatts cada, em poucos anos produzimos a energia elétrica que consumimos além de benefícios sociais, como a redução da conta. Além disso, também pedimos um sistema de transporte público acessível e eficiente. Trens regionais e transporte local gratuitos, 75% de desconto no custo dos bilhetes Intercity, 50% de desconto no custo dos bilhetes Alta Velocità Frecciarossa e Frecciabianca. Tornar os transportes mais acessíveis, no entanto, seria ineficaz em um contexto de serviços de baixa qualidade ou inexistentes. Se o trem ou ônibus não passa ou chega com grande atraso, o carro continuará sendo a única solução para se deslocar. É por isso que são necessários investimentos pesados para criar uma rede mais ampla, confiável, eficiente e segura.
Para isso temos o PNRR (plano Nacional de Retomada e Resiliência).
O PNRR tem fundos adicionais, mas foi visto quase imediatamente, tomando o caso dos transportes, que de qualquer forma são insuficientes para a transição. Faltam intervenções estruturais, como novas ferrovias. Muito foco foi colocado na alta velocidade e foram descontinuados muitos trechos que deram origem a esse sistema que parece uma peneira.
O que vocês vão fazer a partir de segunda-feira?
A partir de segunda-feira a agenda continua válida e se, como é provável, não fizerem nada, continuaremos a protestar. Há um forte descontentamento no país. Na Grã-Bretanha, as pessoas começam a não pagar as contas que não usam as energias renováveis. Voltaremos às ruas no dia 22 de outubro com uma greve nacional ligada à logística. O outono vem carregado de problemas ....
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Clima, os jovens das Fridays estão de volta “Comunidades energéticas em todos os lugares” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU