26 Setembro 2022
Dom Dominique Rey anuncia mudanças significativas para a Diocese de Fréjus-Toulon, incluindo uma moratória na aceitação de novas comunidades religiosas.
A reportagem é de Arnaud Bevilacqua, publicada por La Croix International, 21-09-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Dominique Rey, bispo que foi forçado a cancelar as ordenações sacerdotais na Diocese de Fréjus-Toulon em junho passado, depois que uma visita do Vaticano levantou preocupações sobre o programa do seminário e a aceitação do bispo de novas comunidades religiosas, anunciou uma série de grandes mudanças no sul diocese francesa.
Rey, bispo local desde 2000, apresentou as reformas em 15 de setembro durante um encontro no seminário diocesano com cerca de 150 dos 250 padres da diocese.
Um porta-voz da diocese disse que a reunião foi convocada “como uma oportunidade para o bispo responder às perguntas e preocupações dos padres”.
Durante o intercâmbio, Rey apresentou quatro decisões, que já foram enviadas ao Dicastério para os Bispos do Vaticano.
Em primeiro lugar, deve ser estabelecido “um inventário das comunidades presentes na diocese, com visitantes que possam trazer diferentes perspectivas (canônicas, pastorais, espirituais)”.
Além disso, nenhuma nova comunidade será aceita na diocese até novo aviso, medida que responde diretamente às preocupações do Vaticano sobre a gestão de certas comunidades que foram afetadas por graves abusos.
O bispo já emitiu um decreto em 10 de junho para suprimir o “Mosteiro de São Bento”. Juridicamente uma associação pública dos fiéis com a diocese, este priorado beneditino tradicionalista também estava na mira do Vaticano.
Da mesma forma, os novos sacerdotes que desejam ser aceitos na diocese “serão doravante sujeitos à decisão do conselho presbiteral”.
Finalmente, Rey falou da “aplicação da carta Saint-Léonce a respeito do ‘motu proprio Traditionis custodes’, com uma visita sistemática aos grupos interessados”.
Esta carta existe há dois anos e especifica, como explicou o bispo no final de junho, “as condições de acolhimento e acompanhamento de nossos sacerdotes e comunidades, cuja implementação deve ser acompanhada”.
Por outro lado, não houve menção à reforma do seminário diocesano.
Como já havia feito em uma longa mensagem aos católicos locais em 26 de junho, Rey “reconheceu erros de avaliação e discernimento na recepção e acompanhamento de certas comunidades”.
O bispo, que completou 70 anos ainda esta semana, também “destacou os frutos missionários e a fecundidade dos diversos carismas e iniciativas pastorais da diocese”.
As decisões apresentadas são susceptíveis de apaziguar a diocese e convencer Roma?
As conversas de Rey e seus padres revelaram tensões subjacentes.
Alguns padres, como aponta a diocese, expressaram “desmotivação” ou “desânimo”, enquanto “muitos”, segundo as comunicações diocesanas, apoiaram seu bispo.
Rey, cujo futuro permanece no limbo, prometeu estar mais presente, visitando as paróquias.
O Dicastério para os Bispos, liderado pelo cardeal canadense Marc Ouellet, deve tomar uma decisão até o final de setembro sobre o destino dos seminaristas cujas ordenações foram suspensas em junho, disse uma fonte do Vaticano ao La Croix.
Desde o início da crise, o Vaticano examinou várias opções para o futuro da diocese e de seu bispo.
“Tudo está em aberto”, disse uma fonte romana há algumas semanas.
“Poderia haver uma visita apostólica ou canônica, a nomeação de um coadjutor ou auxiliar com poderes especiais (que seriam negados ao bispo)”, observou a fonte.
Mas Rey, que nos últimos meses teve dois pedidos de visita ao Papa Francisco rejeitados, entrou claramente em uma fase de negociação com o Vaticano, prometendo corrigir profundamente os erros cometidos.
“Ele mostrou sua vontade de reformar, de avançar”, explicou um bispo francês que conhece bem a situação.
“Neste momento, parece improvável que ele saia”, disse o bispo.
“Na verdade, devemos pensar acima de tudo no que vem a seguir. Ele completará 75 anos daqui cinco anos, e o desafio é preparar o terreno para seu sucessor”.
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França. Bispo que o Vaticano obrigou a cancelar ordenações inicia reformas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU