26 Agosto 2022
O anúncio do Papa: confronto com as Conferências Episcopais sobre os passos do Vaticano II.
A reportagem é de de R.R., publicada por Avvenire, 25-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um confronto com as Conferências Episcopais sobre os ministérios da Igreja. É o que o Papa anunciou ontem com uma mensagem por ocasião do 50º aniversário do Motu proprio Ministeria quaedam de Paulo VI, que reformou as ordens menores e estabeleceu ministérios laicais. "Para poder ouvir a voz do Espírito e não parar o processo, tendo o cuidado de não o forçar impondo escolhas que são fruto de visões ideológicas - escreve Francisco – considero que seja útil o compartilhamento, especialmente no clima do caminho sinodal, das experiências destes anos. Elas podem oferecer indicações preciosas para chegar a uma visão harmônica da questão dos ministérios batismais e assim prosseguir no nosso caminho”. Por isso, anuncia o Pontífice: "Desejo nos próximos meses, nas modalidades que serão definidas, iniciar um diálogo sobre o tema com as Conferências episcopais para poder compartilhar a riqueza das experiências ministeriais que nestes cinquenta anos a Igreja viveu tanto como ministérios instituídos (leitores, acólitos e, só recentemente, catequistas) quanto como ministérios extraordinários e de fato”.
Vale lembrar que o Papa já interveio em matéria de ministérios escrevendo duas Cartas Apostólicas. Spiritus Domini é datada de 10 de janeiro de 2021 que abriu o acesso das mulheres ao ministério instituído de leitorado e acolitado. Com a Antiquum ministerium de 10 de maio de 2021, no entanto, instituiu o ministério de catequista. "Estas duas intervenções - explica o Papa na mensagem de ontem - não devem ser interpretadas como uma superação da doutrina anterior, mas como mais um desenvolvimento que se tornou possível por ser baseado nos mesmos princípios, coerentes com a reflexão do Concílio Vaticano II", que inspiraram Paulo VI. Foi o próprio Papa Montini quem acolheu as instâncias de "não poucos" padres conciliares e reconheceu "às Conferências Episcopais a possibilidade de pedir à Sé Apostólica a instituição daqueles ministérios considerados necessários ou muito úteis em suas regiões. Também a oração de ordenação do bispo, na parte das intercessões, indica entre suas principais tarefas, a de organizar os ministérios”.
Portanto, “o tema é de fundamental importância para a vida da Igreja: de fato, não existe comunidade cristã que não expresse ministérios”. E basta reler as Epístolas de São Paulo para perceber isso. Nelas descreve-se "uma ministerialidade difundida, que se organiza sobre dois fundamentos certos: na origem de cada ministério está sempre Deus que com o seu Espírito Santo opera tudo em todos".
A finalidade de cada ministério, portanto, "é sempre o bem comum, a edificação da comunidade". Em outras palavras, cada ministério é “um chamado de Deus para o bem da comunidade”. Essa organização, continua Francisco, “não é um fato meramente funcional, mas antes um cuidadoso discernimento comunitário, na escuta daquilo que o Espírito sugere à Igreja, num lugar concreto e no momento presente de sua vida”.
Assim, "toda estrutura ministerial que nasce desse discernimento é dinâmica, ativa, flexível como a ação do Espírito: nela - esclarece a mensagem papal - deve enraizar-se cada vez mais profundamente para não correr o risco de que o dinamismo se transforme em confusão, a vivacidade se reduza a improvisação extemporânea, a flexibilidade se transforme em adaptações arbitrárias e ideológicas”. A realidade é superior à ideia, recorda o Papa, citando a Evangelii Gaudium. Assim como o tempo é superior ao espaço. Não pretender resultados imediatos e abrir-se à ação do Espírito é, portanto, o convite final do Pontífice.
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“Diálogo sobre os ministérios da Igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU