15 Julho 2022
A Associação de Mulheres Católicas Suíças (Schweizerische Katholische Frauenbund, SKF), que tem 120.000 membros, contradisse abertamente a recente declaração do Papa Francisco em sua entrevista à Reuters sobre o aborto, na qual ele comparou a prática à contratação de um assassino para resolver um problema. Ainda em setembro do ano passado, em seu voo de volta da Eslováquia, Francisco havia ressaltado que o aborto é um “assassinato”.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt e James Roberts, publicada em The Tablet, 11-07-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“Aborto não é crime”, declarou a associação no dia 5 de julho em Lucerna. A “chocante comparação” do papa de que era como contratar um assassino difamava as mulheres que haviam feito um aborto. As mulheres que decidiram em favor do aborto eram sofredoras e não criminosas, enfatizou a SKF.
“Essas mulheres estão em uma situação desesperadora, precisam urgentemente de ajuda e admissão para abortos medicamente seguros. Isso é triste, mas não condenável”, reafirmou o comunicado. Toda mulher que decide ter um bebê não planejado apesar da situação precária em que se encontra, mas também toda mulher que aborta “têm direito ao apoio da sociedade, ao respeito, ao acompanhamento e ao cuidado. Essa é uma exigência básica da caridade cristã”, lembra o comunicado.
Enquanto isso, os membros do Parlamento Europeu adotaram uma resolução na quinta-feira passada por 364 votos a favor, 154 contra e 37 abstenções, lembrando à Suprema Corte dos Estados Unidos que é “vital” manter a sentença Roe v. Wade (1973) que protegia o “direito” ao aborto.
Os deputados europeus instaram o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu governo a garantirem o acesso ao aborto seguro e legal. As proibições e outras restrições ao aborto afetam desproporcionalmente as mulheres em situação de pobreza, disseram os deputados europeus, alegando que as mulheres que, devido a barreiras financeiras ou logísticas, não podem pagar para viajar para clínicas de aborto em Estados ou países vizinhos, correm maior risco de sofrer procedimentos inseguros e ameaçadores.
Durante um encontro com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, antes da votação da União Europeia, o presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (Comece), cardeal Jean-Claude Hollerich, SJ, reafirmou as preocupações da Igreja Católica pela forma como a questão do aborto é tratada em nível de União Europeia.
O cardeal Hollerich insistiu que a tentativa de ver o aborto como um direito fundamental “não só vai contra o respeito pela dignidade de cada ser humano, que é um dos pilares da União Europeia, mas também porá gravemente em perigo o direito à liberdade religiosa, de pensamento e de consciência, e a possibilidade de exercer a objeção de consciência”.
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Mulheres católicas suíças contradizem papa e afirmam que aborto não é crime - Instituto Humanitas Unisinos - IHU