07 Julho 2022
Organizações católicas suprimiram mais de US$ 500 milhões em ativos combinados.
A reportagem é publicada por Laudato Si' moviment, 05-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Trinta e cinco organizações religiosas de seis países, com X bilhões em ativos em gestão, anunciaram hoje seu desinvestimento de empresas de combustíveis fósseis. Entre as instituições participantes estão algumas organizações católicas, como cinco dioceses na Irlanda e duas no Canadá. O desinvestimento católico chega a XX milhões de dólares. Este anúncio foi organizado pelo Movimento Laudato Si', pelo Conselho Mundial de Igrejas, pela Operation Noah, pelos Anglicanos Verdes e pela GreenFaith, entre outras organizações.
O padre Joshtrom Kureethadam, coordenador do Setor de Ecologia do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral (Vaticano), que auxilia o trabalho do Papa Francisco em questões ambientais, destacou a importância deste anúncio: "Em 2020, o Vaticano convidou as instituições católicas a desinvestir de empresas de combustíveis fósseis por causa de seus danos ao meio ambiente. Eu parabenizo essas instituições proféticas que desinvestem hoje e encorajo todas as instituições ao redor do mundo a reduzir nossa dependência dessas fontes de energia nocivas ao desinvestir dos combustíveis fósseis. É assim que as instituições proféticas podem viver nossos valores e ajudar os mais vulneráveis entre nós. Se queremos alcançar a paz e garantir um planeta habitável para todos, também as gerações futuras, devemos pôr fim à nossa dependência dos combustíveis fósseis que alimentam a atual crise climática”.
Organizações religiosas tomam a iniciativa nas mudanças climáticas
Líderes religiosos convidam à ação. Há poucos dias, os bispos africanos reunidos no SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar), publicaram uma declaração pedindo aos governos que tomem medidas urgentes e ambiciosas para proteger a biodiversidade. Uma das principais exigências desse documento é a paralisação imediata da construção do Oleoduto da África Oriental (EACOP), que está previsto na Uganda e Tanzânia. Esse gasoduto vai deslocar mais de 12.000 famílias.
Em relação às finanças, o Conselho Mundial de Igrejas pediu a todos os seus membros que apoiem uma gestão financeira “responsável do clima”, garantindo que “através de nossos fundos de pensão, bancos e outros acordos de serviços financeiros não somos cúmplices no financiamento das indústrias de combustíveis fósseis que destroem o clima”. O Vaticano também recomendou que os investidores desinvestissem de empresas de combustíveis fósseis.
De acordo com o que foi comunicado pela presidência da Ação Católica Italiana, a instituição há tempo está empenhada na formação em temas de ecologia integral, em uma política interna de redução do uso de energia proveniente de combustíveis fósseis e em pequenas, mas importantes intervenções de impacto ambiental. No entanto, notamos com preocupação a convicção generalizada no país de que desacelerar a transição energética para retornar ao uso massivo de combustíveis fósseis, principalmente o carvão, seja a única resposta possível ao aumento das contas.
Em vez disso, justamente enquanto estamos enfrentando os custos da pandemia e da guerra na Ucrânia, é necessário encerrar definitivamente com o carvão e continuar com uma redução sistemática da oferta e da demanda de petróleo, por meio de um rápido aumento das energias renováveis e uma contextual poupança energética. Conforme já previsto pelo Plano Nacional de Recuperação e Resiliência, as políticas nacionais e da UE têm a responsabilidade de apoiar um trabalho generalizado de eficiência energética nas nossas casas, de incentivar as energias renováveis e de potencializar os transportes públicos limpos.
O relatório Invest / Divest 2021 revelou que as instituições religiosas respondem por mais de 35% de todos os empenhos de desinvestimento em nível mundial, mais do que qualquer outro setor. Mais de 1.500 instituições em todos os setores, com patrimônio total de mais de US$ 40 bilhões, já assumiram algum tipo de empenho de desinvestimento em todo o mundo, partindo de US$ 50 bilhões em 2014.
O limite de aquecimento global de 1,5ºC está em risco
O anúncio global de desinvestimento de hoje segue uma investigação do The Guardian sobre as maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo e dezenas de projetos de petróleo e gás planejados como "bombas de carbono" que levariam o mundo além do limite do aquecimento global em 1,5°C e poderiam causar o deslocamento de centenas de milhares de pessoas. Apenas nove meses depois que os líderes mundiais prometeram "manter a meta de 1,5" na conferência COP26 em Glasgow, vinte empresas de combustíveis fósseis estão buscando planos de expansão. Enquanto isso, muitos governos, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Noruega e Austrália, continuam a aprovar novos desenvolvimentos nos combustíveis fósseis que colocarão 1,5°C fora do alcance.
Sobre o Movimento Laudato Si' (MLS): O Movimento Laudato Si' serve a família católica em todo o mundo para transformar a carta encíclica do Papa Francisco 'Laudato Si' em ação para a justiça climática e ecológica. Os esforços do Movimento Laudato Si 'para construir um movimento de base baseiam-se nos dons comuns de cerca de 800 organizações membros e milhares de voluntários locais que ajudam a viver a mensagem da Laudato Si'. Para mais informações: acesse aqui.
Instituições católicas envolvidas nesse anúncio de desinvestimento: Justice et Paix Belgique; Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (Religious Institute of the Sacred Heart of Mary); Congregation of Sisters of St. Joseph in Canada; Our Lady’s Missionaries; Archdiocese of Armagh / St Patrick’s Archdiocesan Trust Limited; Carmelite Monastery of Immaculate Heart of Mary – Delgany; Congregational Leadership of the Sisters of Mercy; The Congregation of Christian Brothers in Northern Ireland; Congregation of the Sisters of Mercy, Southern Province; Rosminians Institute of Charity CLG; Diocese of Leeds; Congregation of the Sisters of Nazareth Generalate; Friars Minor in Great Britain; Catholic Theological Society of America; Loyola University, Chicago; Marquette University, USA; Sisters of St Joseph of Peace, USA; Azione Cattolica Italiana.
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