02 Junho 2022
O grupo We Are Church Ireland submeteu à comissão nacional do Sínodo 2023 reclamações sobre as estruturas de poder patriarcal que excluem as mulheres e a população LGBTQIA+.
A reportagem é publicada por La Croix International, 31-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O grupo católico leigo We Are Church Ireland concluiu, após consulta com os membros, que a Igreja institucional está em crise e penando para articular a mensagem do Evangelho de amor e inclusão devido a suas estruturas de poder patriarcais.
We Are Church Ireland diz que apoia os Caminhos Sinodais Globais e Nacionais e investiu tempo, energia e recursos no processo sinodal na esperança de que ele efetue as mudanças necessárias para que a Igreja se torne um sinal mais autêntico da verdade que se propõe a refletir.
No entanto, as estruturas de poder patriarcal da Igreja incorporam uma mensagem contraditória que exclui mulheres e a população LGBTQIA+ e “não é mais vista como uma fonte credível de autoridade moral na sociedade irlandesa”, disse em sua apresentação à comissão nacional do processo sinodal global, em 28 de maio.
“Reconhecer esta triste realidade não é desconsiderar o bom trabalho individual de muitos bons bispos, padres, irmãs e irmãos, mas destacar o impacto prejudicial da Igreja como uma instituição cujas estruturas e sistemas facilitam o abuso de poder e perpetuam atitudes de misoginia e homofobia na sociedade”, disse.
No entanto, para muitos, especialmente os jovens, a Igreja institucional não tem nada de interessante para lhes dizer; “é irrelevante”, disse.
“Acreditamos que as causas estão enraizadas no próprio fracasso da hierarquia em lidar com mudanças e injustiças e em discernir os ‘sinais dos tempos’ à luz da mensagem do Evangelho”, apontou o grupo em sua apresentação.
“Lamentavelmente, a hierarquia não conseguiu acompanhar os desenvolvimentos da ciência, psicologia e sociologia; falhou em promover maior igualdade e justiça não apenas na sociedade, mas dentro de suas próprias estruturas e não reconheceu sua culpabilidade no sofrimento e nas feridas causados a mulheres, pessoas LGBTQIA+ e outros na sociedade”, disseram os membros.
O We Are Church Ireland procurou informar e gerar interesse no processo sinodal, convidando pessoas-chave envolvidas no processo para falar com os membros.
O grupo organizou duas sessões de escuta via Zoom com os membros em março e abril, cujos detalhes completos foram apresentados a cada um dos 26 bispos da Irlanda, ao núncio papal e ao Escritório do Sínodo em Roma.
Três temas principais foram destacados:
→ A exclusão das mulheres dos ministérios ordenados de diácono/padre/bispo/cardeal/papa é uma das principais fontes de queixas para os membros.
→ Necessidade de reexaminar o entendimento da Igreja sobre a sexualidade humana à luz da pesquisa científica e sociológica moderna e da realidade vivida pelos casais LGBTQIA+.
→ Um apelo por novas estruturas para garantir uma maior representação e consulta de todas as mulheres e homens batizados na igreja como uma comunhão de iguais, em vez de uma hierarquia de homens.
Havia também duas preocupações.
A primeira tem a ver com o compromisso da Igreja institucional em facilitar uma ampla e profunda consulta nacional para o processo sinodal.
A segunda diz respeito à transparência do processo, especialmente porque em janeiro eles escreveram ao secretário executivo da conferência episcopal irlandesa para perguntar se a síntese da conferência seria tornada pública, mas não receberam uma resposta clara.
We Are Church Ireland faz parte de uma coalizão global de grupos nacionais em defesa de reformas na Igreja comprometidos com a renovação da Igreja Católica Romana com base no Concílio Vaticano II (1962-1965) e no espírito teológico desenvolvido a partir dele.
O We Are Church está representado em mais de 20 países em todos os continentes, e diz que representa a “voz dos leigos”.
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Irlanda. Movimento leigo por reformas diz que a Igreja institucional está perdendo a confiança do povo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU