Combater a pobreza e a desigualdade é a chave para acabar com o trabalho infantil, afirma o Papa Francisco

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19 Mai 2022

 

Francisco falou aos participantes de uma conferência global contra a exploração infantil que assegurar o presente e o futuro das crianças é assegurar o presente e o futuro de toda família humana.

 

A reportagem é publicada por La Croix Africa, 18-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

O Papa Francisco, em uma mensagem escrita a uma conferência global contra o trabalho infantil, convocou ao combate à pobreza e à desigualdade para frear a exploração de crianças para fins econômicos.

 

“Como a pobreza é, de fato, o principal fator que expõe as crianças à exploração laboral, estou confiante de que suas deliberações não deixarão de abordar as causas estruturais da pobreza global e a escandalosa desigualdade que continua a existir entre os membros da família humana”, disse Francisco aos participantes da conferência.

 

A mensagem do papa, lida pelo arcebispo Peter B. Wells, núncio apostólico da África do Sul, foi dirigida a Guy Ryder, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho, por ocasião da quinta Conferência Mundial sobre a Eliminação do Trabalho Infantil, realizada em maio 15-20 em Durban, África do Sul.

 

O evento de seis dias visa aumentar a conscientização sobre o trabalho infantil e acelerar os esforços para sua eliminação em um momento em que cerca de 160 milhões de crianças – quase uma em cada dez em todo o mundo – estão sendo forçadas a trabalhar, um aumento de 8,4 milhões de crianças nos últimos cinco anos, segundo a ONU.

 

“Embora tenham sido feitos progressos significativos na eliminação do flagelo do trabalho infantil da sociedade, esta tragédia foi agravada pelo impacto da crise global de saúde e a propagação da pobreza extrema em muitas partes do nosso mundo, onde a falta de oportunidades de trabalho decente para adultos e adolescentes, a migração e as emergências humanitárias condenam milhões de meninas e meninos a uma vida de empobrecimento econômico e cultural”, escreveu o papa.

 

Mais ainda, “muitas pequenas mãos estão ocupadas arando campos, trabalhando em minas, viajando grandes distâncias para tirar água e fazendo trabalhos que os impedem de frequentar a escola”, disse o papa, pensando também nas vítimas da prostituição infantil que “roubou de milhões de crianças a alegria da juventude e da dignidade dada por Deus”.

 

Cultivando sonhos para um futuro brilhante

 

Ele expressou a esperança de que a conferência leve a uma maior conscientização por parte dos atores sociais e órgãos relevantes – nacionais e internacionais – para trabalhar no sentido de encontrar “formas adequadas e eficazes de proteger a dignidade e os direitos das crianças, especialmente através da promoção de sistemas de proteção social e acesso à educação por parte de todos”.

 

O Papa Francisco também escreveu sobre a preocupação da Igreja com o trabalho infantil, observando que os ensinamentos sociais enfatizam que garantir o presente e o futuro das crianças também garante o presente e o futuro de toda a família humana.

 

“A maneira como nos relacionamos com as crianças, o quanto respeitamos sua dignidade humana inata e seus direitos fundamentais, expressa que tipo de adultos somos e queremos ser e que tipo de sociedade queremos construir”, escreveu ele.

 

O papa afirmou o compromisso do Vaticano de trabalhar para garantir que a comunidade internacional persevere em seus esforços para combater a exploração do trabalho infantil de forma resoluta, conjunta e decisiva, “para que as crianças possam desfrutar da beleza desta fase da vida, ao mesmo tempo em que cultivam sonhos para um futuro brilhante”.

 

O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil é 12 de junho, e neste ano tem como lema “Proteção Social Universal para acabar com o Trabalho Infantil”.

 

Um relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho e da UNICEF em 2021 estimou “um aumento significativo no número de crianças de 5 a 11 anos em trabalho infantil, que agora representam pouco mais da metade do número total global”.

 

O número de crianças de 5 a 17 anos envolvidas em trabalhos perigosos para sua saúde, segurança ou moral “aumentou em 6,5 milhões para 79 milhões desde 2016”.

 

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