Adoração da juventude. “Opção Francisco”, por Armando Matteo

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13 Mai 2022

 

“Hoje o sentido do humano é totalmente absorvido pelo tema da juventude. A juventude é tudo, e tudo é juventude.”

 

A opinião é de Armando Matteo, professor de Teologia Fundamental da Pontifícia Universidade Urbaniana e subsecretário adjunto da Congregação para Doutrina da Fé, convocado pelo Papa Francisco.

 

O artigo foi publicado na coluna “Opzione Francesco”, da revista Vita Pastorale, de maio de 2022, e reproduzido na íntegra por Settimana News, 12-05-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

Leia também, em português, o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto artigos da série.

 

Eis o texto.

 

Um importante elemento da consciência das dinâmicas que governam o nosso tempo, para o qual aponta a “Opção Francisco”, diz respeito à transformação que ocorre em relação ao sentido da vida humana, como consequência da mudança de época.

 

Referimo-nos em particular àquilo que ocorre com as gerações ocidentais nascidas após a Segunda Guerra Mundial. Elas foram as primeiras a experimentar os benefícios ligados ao advento da era contemporânea.

 

De fato, gozam de uma vida mais longa, mais confortável, marcada por um incremento extraordinário da qualidade da saúde, menos onerosa no que diz respeito ao trabalho e às tarefas domésticas, mais cheia de possibilidades de prazer e de gozo, mais rica em informações e em oportunidades de formação. E, sobretudo, mais livre e confiada às decisões de cada um.

 

“Vale de lágrimas”

 

Dá-se assim um salto extraordinário de qualidade, especialmente no que diz respeito à condição adulta da experiência humana. Durante séculos, de fato, tornar-se adulto envolveu entrar em contato com os muitos lados ásperos do real que puderam encontrar na descrição da terra como um “vale de lágrimas” uma figura particularmente sintética e significativa.

 

Com a mudança de época, estamos finalmente fora do “vale de lágrimas” e chegamos a uma condição de vida geralmente generosa e plenamente desejável, especialmente pelas gerações adultas. Estas foram quase naturalmente impelidas a reler o sentido do humano na direção justamente de toda essa potência, desse gozo e dessa liberdade hoje simplesmente à sua disposição.

 

Eterna juventude

 

E é assim que hoje o sentido do humano é totalmente absorvido pelo tema da juventude. A juventude é tudo, e tudo é juventude. Francesco Stoppa expressa isso muito bem quando, ao falar da geração dos Boomers, ou seja, dos adultos nascidos entre 1946 e 1964, diz: “A especificidade dessa geração é que os seus membros, mesmo tendo se tornado adultos ou já idosos, pais ou mães, conservam em si, incorporado, o significante ‘jovem’. Jovens como eles foram, ninguém mais poderá ser – é o que eles pensam. E isso os induz a não ceder nada ao tempo, ao corpo que envelhece, a quem chegou depois e é, agora, o jovem”.

 

E o mesmo poderia ser dito também sobre a geração seguinte aos Boomers, a Geração X, os nascidos entre 1964 e 1980.

 

Esse tema também é amplamente atestado no magistério do Papa Francisco. Penso nas muitas passagens do seu livro-entrevista “Deus é jovem”, mas penso em particular em uma expressão que ele usa na Christus vivit.

 

Dirigindo aos jovens o convite para que cultivem sempre as suas raízes, ele os convida a estarem atentos àquela especial manipulação hoje em curso contra eles, que leva o nome de “adoração da juventude”, segundo a qual tudo o que não é jovem não tem valor.

 

O corpo jovem se torna o símbolo desse novo culto. E, portanto, tudo o que tem a ver com esse corpo é idolatrado e desejado sem limites, e o que não é jovem “é olhado com desprezo” (CV 182). Especificando que esse mito da juventude, depois, é usado para expulsar os jovens de verdade.

 

 

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