Em seu blog, 18-04-2023, Massimo Borghesi escreve: “Foi lançado nestes dias, pela editora Studium, o livro organizado por mim e intitulado ‘Da Bergoglio a Francesco. Un pontificato nella storia’ [De Bergoglio a Francesco. Um pontificado na história]. Ele é publicado por ocasião dos nove anos do pontificado e é confiado aos melhores especialistas no assunto: Pe. Ezio Bolis, Francesco Bonini, Rocco Buttiglione, Giorgio Chiosso, Massimo Faggioli, Rodrigo Guerra López, Austen Ivereigh, Pe. Angelo Maffeis, Alver Metalli, Matteo Negro, Fabio Pierangeli, Javier Restán, Andrea Riccardi, Andrea Tornielli. Eis a capa do volume, o índice e a minha introdução”.
Novo livro organizado por Massimo Borghesi (Foto: Divulgação)
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Introdução. Para compreender Francisco, de Massimo Borghesi
I. João XXIII e Francisco: uma profunda sintonia, de Ezio Bolis
1. A ideia dinâmica da Tradição. 2. O estilo colegial. 3. A urgência de discernir os “sinais dos tempos”. 4. A sensibilidade pastoral. 5. O compromisso com o diálogo. 6. O valor da piedade popular. 7. A atenção aos pobres.
II. Continuidade, novidade e desafios abertos, de Francesco Bonini
1. Papados mundializados e pastorais. 2. Dois desafios.
III. São João Paulo II e Papa Francisco. Continuidades e diferenças, de Rocco Buttiglione
1. A teologia do matrimônio: Amoris laetitia contradiz Veritatis splendor? 2. É verdade que o Papa Francisco reabilitou a Teologia da Libertação que João Paulo II havia condenado?
IV. A pedagogia do Papa Francisco, de Giorgio Chiosso
1. “Educar é uma das artes mais apaixonantes”. 2. Bergoglio e a educação do humano. 3. O poliedro pedagógico. 4. A educação como transformação e cultivo do coração. 5. Educar para a proximidade. 6. A beleza que educa. 7. “Educar é sempre um ato de esperança”.
V. Papa Francisco e os Estados Unidos. “Para mim, é uma honra se os americanos me atacam”, de Massimo Faggioli
1. Pobres e misericórdia e o catolicismo “middle class” estadunidense. 2. A viagem aos Estados Unidos e o “ralliement” perdido. 3. Dos sínodos à sinodalidade. 4. Da crítica do pontificado à subversão: o caso Viganò. 5. Da presidência Trump à eleição de Joe Biden, o segundo presidente católico. 6. Papa Francisco, a pandemia e a crise religiosa nos Estados Unidos. 7. Conclusões.
VI. Francisco e a “mudança de época”, por Rodrigo Guerra López
Introdução. 1. Francisco interpreta o nosso momento histórico: a importância da “mudança de época”. 2. Francisco: nem antimoderno nem “modernista”. 3. Protagonistas da mudança de época: os pobres, as mulheres e os jovens. 4. À guisa de conclusão: Francisco, um papa para o nosso tempo.
VII. Escutar o Espírito na assembleia do povo: a visão da sinodalidade do Papa Francisco, de Austen Ivereigh
1. A sinodalidade de Aparecida: com o povo. 2. A sinodalidade que discerne.
VIII. A herança de Paulo VI no pontificado do Papa Francisco, de Angelo Maffeis
1. O papa e o sínodo. 2. A evangelização. 3. O Evangelho para os pobres.
IX. Francisco das periferias, de Alver Metalli
1. A villa miseria também é América. 2. A paróquia villera. 3. Reduções jesuítas: distantes no tempo, próximas no espírito. 4. Contra a lógica do gueto.
X. Imanência e transcendência da fraternidade. Reflexões sobre a Fratelli tutti do Papa Francisco, de Matteo Negro
1. Sair da caverna. 2. O rosto fraterno do Outro.
XI. O desejo vertiginoso e a surpresa de um encontro. Apontamentos sobre os escritores amados pelo Papa Francisco, de Fabio Pierangeli
XII. Alberto Methol Ferré e as raízes latino-americanas no pensamento do Papa Francisco, de Javier Restán
1. O povo em primeiro plano. 2. Uma dialética aberta: processo e diálogo. 3. O enfoque histórico-cultural: memória frente a valores abstratos.
XIII. Papa Francisco, a paz e a política Internacional, de Andrea Riccardi
1. Reabilitação da guerra. 2. Jamais plus la guerre!. 3. Diplomacia de um papa global. 4. Diplomacia: mediadores e artesãos de paz. 5. À prova da realidade. 6. Paz na terra. 7. As religiões entre paz e guerra. 8. Fratelli tutti. 9. A oração na raiz da paz.
XIV. A via da misericórdia, de Andrea Tornielli
* * *
por Massimo Borghesi
Nove anos se passaram desde o dia 13 de março de 2013, quando o cardeal Jorge Mario Bergoglio se tornou papa com o nome de Francisco. O pontífice latino-americano colheu uma difícil herança: a de uma Igreja curvada pelo escândalo mundial da pedofilia do clero, pelos desastres das finanças vaticanas, pelos tráficos do Vatileaks.
Em poucos anos, o papa obteve sucesso no milagre e modificou, aos olhos do mundo, a imagem de uma Igreja não confiável e corrupta. No entanto, isso não lhe poupou críticas e incompreensões de consistentes setores do mundo católico. As acusações, sobretudo de membros da Igreja norte-americana e de grupos tradicionalistas e conservadores, dirigidas ao papa “modernista”, “progressista”, “peronista”, “socialista”, acompanharam a história do pontificado. Dado o seu peso midiático, contribuíram para deformar, aos olhos de muitos, o sentido verdadeiro e autêntico das palavras e dos gestos de Francisco.
Por isso, parece ser importante restituir a essas palavras o seu verdadeiro significado. O Papa Francisco não é um progressista que abandona a doutrina da Igreja, muito menos um conservador que esquece os passos dados pelo Concílio Vaticano II. É um papa missionário e social que tem como desejo relançar a tensão polar entre evangelização e promoção humana, a mesma que estava no centro da Evangelii nuntiandi do “grande” Paulo VI e que a Igreja, ao longo das últimas décadas, redimensionou e atenuou no seu valor. Como escreve o maior biógrafo do papa, Austen Ivereigh:
“O radicalismo de Bergoglio não deve ser confundido com a doutrina ou a ideologia progressistas. É uma atitude radical, porque ele é missionário e místico. Francisco é instintiva e visceralmente contrário aos ‘partidos’ na Igreja e está convencido de que o papado afunda as suas raízes no catolicismo tradicional do santo povo fiel de Deus e em particular nos pobres. Ele nunca negociará sobre as questões candentes que dividem a igreja do Ocidente secular, uma brecha que os progressistas adorariam preencher modernizando a doutrina. No entanto, ele também não é, como fica igualmente evidente, um papa da direita católica: ele não usará o pontificado para travar batalhas políticas e culturais que ele considera que devem ser combatidas em nível diocesano, mas se servirá dele para atrair e ensinar; ele também não considera necessário repetir ao infinito aquilo que já se sabe, pelo contrário, deseja enfatizar aquilo que foi em parte esquecido: a paterna bondade e a clemência misericordiosa de Deus. E, enquanto os católicos conservadores gostariam de falar mais de temas éticos do que de temas sociais, ele fica feliz em fazer justamente o contrário, ou seja, recuperar um catolicismo como ‘veste sem costuras’” [1].
O que Ivereigh escreve nos permite situar corretamente a perspectiva do pontificado, uma perspectiva certamente diferente da de João Paulo II e de Bento XVI, mas não oposta. A oposição entre Francisco e os últimos papas foi, como se sabe, o cavalo de batalha de todos aqueles que, dentro da Igreja, se referiram a Wojtyla e Ratzinger para criticar Bergoglio.
Trata-se, porém, de uma oposição “ideológica”, construída artisticamente. As diversidades, que sem dúvida subsistem entre os últimos papas, correspondem a sensibilidades e avaliações diferentes sobre o peso da secularização e a resposta conveniente por parte da Igreja. Não concernem à doutrina e à custódia da tradição da Igreja.
“Se o longo pontificado Wojtyła-Ratzinger se caracterizou pelo magistério da Igreja sobre as questões morais e sociais, por uma ênfase ‘antropológica’ decisiva ligada à ideia de ‘lei natural’, o Papa Bergoglio parece animado por uma visão mais histórico-cultural, alinhada com o ambiente teológico latino-americano do qual provém e por uma visão mais espiritual do que teológica do ministério do pontificado romano. O pontificado de Bento XVI, ‘papa teólogo’ (no sentido do teólogo acadêmico), poderia permanecer como uma exceção na história do catolicismo moderno. O deslocamento da ênfase com Bergoglio, do papado teológico para o espiritual, apresenta algumas incógnitas para as estruturas futuras do catolicismo. Mas essa escolha alternativa à de Ratzinger não faz de Bergoglio um progressista ou um liberal (assim como Ratzinger não era um reacionário). Bergoglio é um ‘católico social’ com uma visão ambivalente e complexa da ‘modernidade’” [2].
Tanto Ivereigh quanto Faggioli nos devolvem, desse modo, uma visão mais complexa e adequada do papa. Um pontífice, recordamos, nada fácil de decifrar apesar da “simplicidade” da linguagem e do modo de se relacionar com o mundo. Francisco é o papa que vê a Igreja e o mundo a partir de uma visão “polifônica”, baseada na ideia de que a vida, pessoal-social-histórica, é compreensível a partir de uma perspectiva ‘“antinômica”, polar.
É a concepção que Bergoglio concentrou e assimilou graças ao seu projeto de doutorado sobre a antropologia polar de Romano Guardini [3]. A teoria dos opostos é uma teoria do confronto e da síntese que se opõe à dialética amigo-inimigo que constitui a essência da teologia política de Carl Schmitt, dominante no cenário religioso contemporâneo [4]. É a teoria que sustenta o marco teórico da Evangelii gaudium, da Laudato si’, da Fratelli tutti.
Na sua conversa com Austen Ivereigh, “Vamos sonhar juntos. O caminho para um um futuro melhor” (Ed. Intrínseca, 2020), Francisco esclarece bem a dívida contraída com Guardini. Graças ao pensador ítalo-alemão, especificou-se para Bergoglio a forma de um pensamento nem irênico nem maniqueísta. Um pensamento “católico” baseado na distinção entre “oposição” e “contradição”.
“Guardini me deu uma nova percepção dos conflitos, para abordá-los analisando a sua complexidade sem aceitar nenhum reducionismo simplificador. As diferenças de tensão existem, cada uma vai na sua direção, mas coexistem dentro de uma unidade mais ampla. Entender como as contradições aparentes podem ser resolvidas metafisicamente por meio do discernimento foi o tema da minha tese sobre Guardini, sobre quem eu pretendia pesquisar quando fui à Alemanha. Trabalhei nisso por alguns anos, mas nunca terminei de escrevê-la. Mas essa tese me ajudou muito, sobretudo a gerir tensões e conflitos [...]. Um dos efeitos do conflito é ver como contradições aquelas que, com efeito, são contraposições, como eu gosto de chamá-las. Uma contraposição envolve dois polos em tensão, que divergem entre si: horizonte/limite, local/global, todo/parte e assim por diante. São contraposições porque são opostos que, no entanto, interagem em uma tensão fecunda e criativa. Como Guardini me ensinou, a criação está repleta dessas polaridades vivas ou Gegensätze; são eles que nos tornam vivos e dinâmicos. Ao invés disso, as contradições (Widersprüche) exigem que escolhamos entre o certo e o errado (o bem e mal nunca podem estar em contraposição, porque o mal não é a contrapartida do bem, mas a sua negação). O pensamento que vê as contraposições como contradições é um pensamento medíocre que nos afasta da realidade. O mau espírito – o espírito de conflito, que compromete o diálogo e a fraternidade – procura sempre transformar as contraposições em contradições, pretendendo que escolhamos e reduzindo a realidade a simples pares de alternativas. É isso que fazem as ideologias e os políticos sem escrúpulos” [5].
As afirmações de Francisco esclarecem bem não só a dívida ideal contraída com Guardini, mas também a oposição ao pontificado daqueles componentes do mundo católico que são permeados pelo maniqueísmo teológico-político que, depois do 11 de setembro de 2001, marcou profundamente o Ocidente e o mundo.
Para esses componentes, que em sua maioria se opõem à Igreja do Concílio Vaticano II, o papa representaria um decisivo defensor do primado da Misericórdia sobre a Verdade, da práxis sobre a doutrina, do testemunho sobre o dogma. Um modernista, portanto, incapaz de sustentar a barca de Pedro diante do vento do relativismo desenfreado. Incapaz de posicionar a Igreja naquela dialética militante e não dialógica exigida pelas guerras culturais contra a sociedade secular.
O ponto de vista dos críticos, fortemente dicotômico, não lhes permite compreender que o caminho de Francisco não opõe a Misericórdia à Verdade, mas entende a Misericórdia como o caminho rumo à Verdade, como a manifestação histórica e factual da Verdade de Cristo no tempo atual.
As incompreensões, portanto, são muitas e afundam-se em um sentimento, da vida e da história, nutrido pela desconfiança e pelo ressentimento alimentado também pelas correntes populistas que dominaram nos últimos anos o cenário mundial. No entanto, elas não puderam impedir que o testemunho e as palavras do papa correspondessem às expectativas de milhões de pessoas, um claro sinal de paz e de humanidade nutrido pela letra e pelo espírito do Evangelho.
Nos nove anos do seu pontificado, tempestuosos como poucos, o Papa Francisco trouxe os “invisíveis” de volta aos holofotes dos poderosos, visitou as nações periféricas, deu voz ao grito dos pobres e dos oprimidos. Corrigiu um desvio pelo qual a Igreja, depois da queda do comunismo, se retirou para dentro dos muros diante do avanço de uma globalização cada vez mais secularizada. Uma Igreja assustada que buscou a garantia da sua própria sobrevivência na aliança com os poderes de plantão.
A ela o papa indicou o caminho de Belém, o desafio do Natal, aquele pelo qual o grande se faz pequeno. Como disse Francisco na sua homilia natalícia do dia 24 de dezembro de 2021:
“O Evangelho insiste nesse contraste. Conta o nascimento de Jesus a partir de César Augusto, que faz o censo de toda a terra: mostra o primeiro imperador na sua grandeza. Mas, logo depois, nos leva para Belém, onde de grande não há nada: apenas um pobre menino envolto em faixas, com pastores ao seu redor. E ali está Deus, na pequenez. Eis a mensagem: Deus não cavalga a grandeza, mas desce à pequenez. A pequenez é o caminho que ele escolheu para vir ao nosso encontro, para tocar o nosso coração, para nos salvar e nos levar de volta àquilo que importa. Irmãos e irmãs, parando diante do presépio, olhemos para o centro: vamos além das luzes e das decorações, que são bonitas, e contemplamos o Menino. Na sua pequenez, está Deus por inteiro. Reconheçamo-lo: ‘Menino, Tu és Deus, Deus-menino’. Deixemo-nos atravessar por esse escandaloso estupor. Aquele que abraça o universo precisa ser segurado nos braços. Ele, que fez o sol, deve ser aquecido. A ternura em pessoa precisa de colo. O amor infinito tem um coração minúsculo, que emite leves batidas. A Palavra eterna é infante, isto é, incapaz de falar. O Pão da vida deve ser alimentado. O criador do mundo não tem um teto. Hoje tudo se inverte: Deus vem ao mundo pequeno. A sua grandeza se oferece na pequenez” [6].
Nessa dialética do grande e do pequeno, transborda a espiritualidade inaciana de Bergoglio, a sua teologia da ternura que contém, no seu centro, a imagem paulina do Deus do universo que se faz homem até a morte, e morte de cruz [7].
No quadro que delineamos sumariamente, os artigos que compõem o volume constituem uma preciosa contribuição para compreender o pensamento e a visão do papa. Não uma contribuição “hagiográfica”, mas de substância. Os textos são o fruto de alguns dos melhores especialistas no assunto, do Pe. Ezio Bolis a Francesco Bonini, Rocco Buttiglione, Giorgio Chiosso, Massimo Faggioli, Rodrigo Guerra López, Austen Ivereigh, Pe. Angelo Maffeis, Alver Metalli, Matteo Negro, Fabio Pierangeli, Javier Restán, Andrea Riccardi e Andrea Tornielli.
Os temas tratados oferecem uma imagem polifônica, “poliédrica” do pontificado. Abrangem assuntos que nem sempre receberam a devida atenção: das analogias de João XXIII, Paulo VI, João Paulo II com Francisco, aos desafios futuros, à visão pedagógica do papa, ao quadro cheio de resistências da Igreja estadunidense, à categoria de “mudança de época” tão importante para o papa, à sua visão da “sinodalidade”, à atenção às periferias e às vilas miseria de Buenos Aires, às implicações filosóficas da Fratelli tutti, aos autores literários amados por Francisco, à figura de Alberto Methol Ferré e às raízes latino-americanas do pensamento de Bergoglio, ao tema da paz e da política internacional, à via da Misericórdia.
Trata-se de contribuições de claro interesse que nos permitem penetrar no pensamento do papa e esclarecer a sua visão da Igreja e do mundo contemporâneo. O que está em jogo, para crentes e não crentes, é muito alto, e a leitura correta da perspectiva do Papa Francisco, diante das manipulações interessadas e do grande jogo dos interesses em campo, parece ser um dever e uma necessária homenagem à verdade.
1. A. Ivereigh, The Great Reformer. Francis and the Making of a radical Pope, New York: LLC, 2014; tradução italiana: Tempo di misericordia. Vita di Jorge Mario Bergoglio, Milão: Mondadori, 2014, p. 439.
2. M. Faggioli, Papa Francesco e la “chiesa-mondo”, Roma: Armando Editore, 2014, p. 83.
3. Sobre Bergoglio-Guardini, cfr. M. Borghesi, Jorge Mario Bergoglio. Una biografia intellettuale. Dialettica e mistica, Milão: Jaca Book, 2017, pp. 117-153.
4. Cfr. M. Borghesi, Critica della teologia politica. Da Agostino a Peterson: la fine dell’era costantiniana, Gênova-Milão: Marietti, 2013.
5. Papa Francisco, Ritorniamo a sognare. La strada verso un futuro migliore, In conversazione con Austen Ivereigh, Roma: Gedi-Piemme, 2020, pp. 89-91.
6. Papa Francisco, Homilia natalícia de 24 de dezembro de 2021 (https://www.vatican.va/).
7. Sobre a dialética da ternura, fundamentada na antinomia entre grande e pequeno em Francisco, cfr. M. Borghesi, Francesco. La Chiesa tra ideologia teocon e “ospedale da campo”, Milão: Jaca Book, 2021, pp. 236-251.