19 Abril 2022
Com aumento de 85% nos casos e de 75% em mortes, a doença pode ser nova crise sanitária. Chama a atenção o alto número de casos no Sul, uma novidade. Chuvas persistentes podem estar favorecendo a circulação do mosquito transmissor da doença.
A reportagem é publicada por Outra Saúde, 19-04-2022.
Em 2021, o isolamento contribuiu para a baixa propagação do vírus. Mas o grande surto de 2019 pode explicar o aumento que vem sendo observado em 2022, de acordo com a médica Melissa Falcão, da Sociedade Brasileira de Infectologia. A doença aparece em “ondas cíclicas”. O jornal Estadão informou que, até o dia 15 de março, foram registrados 323,9 mil casos, aumento de 85% em relação ao ano passado. Mortes foram 85 – 75% mais óbitos em relação a 2021. Mas outra coisa chama a atenção de infectologistas, que é o número expressivo de casos na região Sul do país, onde a frequência do vírus costumava ser menor por causa das temperaturas mais baixas.
Santa Catarina teve recorde de mortes confirmadas, com 11 fatalidades, atrás apenas de São Paulo (30), e junto a Goiás (11). Ainda há 159 óbitos sendo investigados. Segundo o Estadão, até agora, 26 cidades catarinenses já declararam epidemia e três decretaram estado de emergência. Prefeituras têm convocado voluntários para reforçar o combate ao mosquito aedes aegypti. Em SP, a doença avança principalmente no norte do estado. A cidade paulista de Votuporanga tem a maior incidência do País, com 4.971 casos por 100 mil habitantes – a Organização Mundial de Saúde (OMS) define transmissão epidêmica quando a taxa de transmissão é maior que 300 casos por 100 mil.
Uma reportagem da BBC Brasil buscou especialistas para tentar explicar os ingredientes dessa nova crise sanitária no país. A bióloga e epidemiologista Cláudia Codeço, pesquisadora da Fiocruz, interpreta que o caldo foi criado a partir do verão de 2021, quando várias cidades brasileiras registraram fortes tempestades, relacionadas a fenômenos como o La Niña e mudanças climáticas. Já era possível identificar uma grande concentração do mosquito. Mas a epidemia de influenza H3N2, que causou um aumento considerável nos casos de gripe, prejudicou os sistemas de vigilância.
Celso Granato, diretor do Fleury Medicina e Saúde, explica que o momento crucial para a prevenção de casos ocorre entre janeiro e fevereiro, quando as ações preventivas mais efetivas envolvem eliminar os criadouros do mosquito transmissor. Agora, restam apenas respostas reativas, como o fumacê, que ajuda a coibir o mosquito adulto. As autoridades agora encontram dificuldades: segundo o boletim epidemiológico do ministério da Saúde, neste ano houve 233 episódios de dengue grave e outros 2,8 mil com sinais de alarme – o que mostra também a necessidade de reforçar os sistemas de atendimento público de saúde.
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Por que avança epidemia de dengue no país - Instituto Humanitas Unisinos - IHU