10 Fevereiro 2022
Os pais não devem condenar os filhos homossexuais. É o apelo, o conselho em alto e bom som do Papa Francisco, que encoraja mães e pais a não deplorarem seus garotos e garotas. Nunca. Ele fez esse apelo na audiência geral do último 26 de janeiro, na Sala Paulo VI, no Vaticano.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 27-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
A posição de Bergoglio é uma nova abertura para a galáxia LGBT que confirma a linha de acolhimento do Pontífice argentino, seguida por várias dioceses do mundo - a começar pela Alemanha - que estão se mostrando mais sensíveis e dispostas a envolver pessoas homossexuais nas paróquias, não sem polêmicas nos círculos católicos.
Naquela audiência, o Bispo de Roma disse para pensar nos pais que se encontram “diante dos problemas dos filhos. Filhos doentes, inclusive com doenças permanentes: quanta dor há”. E depois, continuando a lista de situações com as quais se preocupa, "os pais que veem orientações sexuais diferentes nos filhos". Francisco refletiu sobre como "gerir isso" e como "acompanhar os filhos" sem "se esconder em uma atitude condenatória".
E, ainda, pais e mães “que veem seus filhos irem embora, morrerem, por uma doença e também – e é mais triste – garotos que fazem bobagens inconsequentes e acabam em um acidente de carro”. Ou os pais de "filhos que não se dão bem na escola". E aos pais e mães que sofrem pelos filhos, o Papa diz: “Não se assustem. Sim, há dor. Muita”, porém, reitera Francisco, “nunca condenar um filho”.
O Pontífice revela que “sentia tanta ternura em Buenos Aires quando passava de ônibus diante da cadeia: havia uma fila de pessoas que tinham que entrar para visitar os presos. E havia as mães: diante de um filho que errou, não o deixavam sozinho”.
As palavras de Francisco são proferidas alguns dias depois do coming out feito em terra teutônica por padres, professores de religião, funcionários administrativos das dioceses, mas também médicos de instituições confessionais e diretores de associações juvenis: 125 colaboradores da Igreja alemã se declararam abertamente "queer”, ou seja, não heterossexuais, que em nível sexual não se identificam na divisão entre homem e mulher.
Uma espécie de “manifesto” veiculado através de um site chamado #OutInChurch em que se pede abertamente “o fim das discriminações” contra eles. Entre os pedidos há a retirada do ensinamento da Igreja de “afirmações difamatórias sobre gênero e sexualidade” e o acesso aos sacramentos assim como os vários âmbitos profissionais eclesiásticos. Um apoio aos animadores da iniciativa chegou de surpresa do arcebispo de Hamburgo, monsenhor Stefan Hesse, que expressa “respeito” pela ação: “Uma Igreja em que é necessário se esconder por causa da própria orientação sexual não pode existir sob o signo de Cristo”.
Enquanto isso, os grupos homossexuais italianos – em especial Arcigay e Gaynet – reagem à intervenção papal reconhecendo a Bergoglio uma abordagem mais inclusiva em relação aos pontificados anteriores. No entanto permanece morna, falando de “ambiguidade”, “paternalismo” e principalmente não aprovando o paralelismo com as pessoas problemáticas, referindo-se às passagens do discurso em que são colocadas juntas doenças, comportamentos adolescentes inconsequentes, detenção e homossexualidade.
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Francisco próximo dos filhos homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU