Bispo católico elogia discurso de Jim Caviezel, ator, criticando o Papa, em congresso ligado ao movimento QAnon

Mais Lidos

  • Crer apesar de razões para não crer. Artigo de Leonardo Boff

    LER MAIS
  • “O próximo papa poderia convocar um concílio”. Entrevista com D. Erwin Kräutler

    LER MAIS
  • Gino Cecchettin, o discurso no funeral da filha Giulia. Texto integral

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

29 Outubro 2021

 

Um bispo católico conservador do Texas, nos Estados Unidos, elogiou um discurso do ator Jim Caviezel nesta semana, elogiando os comentários que incluíam críticas ao Papa Francisco e que foram proferidos em um congresso ligado ao QAnon.

 

A reportagem é de Jack Jenkins, publicada em National Catholic Reporter, 28-10-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

O bispo Joseph Strickland, que preside a Diocese de Tyler e é conhecido pelo seu tipo polêmico de conservadorismo, tuitou um link para um site elogiando o discurso de Caviezel na segunda-feira, 25 de outubro. O prelado afirmou que “todos precisam ouvir” essa mensagem. Naquele momento, um trecho em vídeo do discurso já havia sido amplamente compartilhado nas redes sociais digitais, no qual o ator recita uma frase do filme “Coração Valente”, de Mel Gibson, de 1995.

 

“Vocês podem tirar as nossas vidas, mas nunca poderão tirar a nossa liberdade”, gritou Caviezel, que retratou Jesus no filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, de 2004.

Caviezel, então, acrescentou um adendo movido pela fé que parecia ser, pelo menos em parte, de sua própria concepção.

“Todo homem morre. Nem todo mundo vive de verdade”, disse ele. “Devemos lutar por essa liberdade e vida autênticas, meus amigos. Devemos viver por Deus. E, com o Espírito Santo como seu escudo e Cristo como sua espada, junte-se a São Miguel e a todos os anjos na defesa de Deus e no envio de Lúcifer e de seus capangas diretos de volta ao inferno, ao qual eles pertencem.”

O discurso ocorreu no congresso “For God & Country: Patriot Double Down”, realizado em Las Vegas no fim de semana. De acordo com o jornal Las Vegas Sun, o encontro contou com uma série de polêmicos oradores conservadores, incluindo aqueles que espalharam desinformação sobre a Covid-19 e teorias da conspiração associadas ao movimento QAnon.

Os palestrantes também incluíram Couy Griffin, pastor e fundador do Cowboys for Trump, que disse acreditar que o ex-presidente Donald Trump foi “ordenado por Deus”. Griffin fez uma oração na insurreição do dia 6 de janeiro e foi mais tarde preso ao retornar à área de Washington. Vídeos de Griffin no congresso mostram-no declarando a sua participação na insurreição como uma “medalha de honra”, embora ele tenha insistido que não se envolveu com a violência daquele dia (ele também expressou a sua frustração por si e pelas pessoas presas, pelo fato de o seu papel na insurreição não ter recebido mais apoio de Trump).

O vídeo amplamente compartilhado de Caviezel não mostrava o seu discurso na íntegra, mas um vídeo mais longo sugere que se tratou, em grande parte, de uma recitação do discurso do presidente Ronald Reagan de 1964, intitulado “A Time for Choosing” – mas com novas referências religiosas, sentimento antimáscara, causas conservadoras contemporâneas e teorias da conspiração ligadas ao QAnon inseridas entre as frases de Reagan.

Considerando que Reagan disse que “não podemos comprar a nossa segurança, a nossa liberdade da ameaça da bomba”, Caviezel declarou que “não podemos mais comprar a nossa segurança como ‘uma nação sob Deus’, as nossas liberdades em Cristo, nosso Salvador, da ameaça do diabo”.

Da mesma forma, enquanto Reagan usou o termo “Cortina de Ferro” para se referir à Rússia soviética, Caviezel adaptou o discurso para dizer que “milhões e milhões de crianças agora estão presas atrás da cortina de ferro do tráfico sexual e do aborto” – uma possível homenagem à crença conspiratória do QAnon no tráfico sexual generalizado de crianças perpetrado por uma conspiração secreta de adoradores democratas de Satanás.

Caviezel, católico, também inseriu uma condenação implícita de seus opositores religiosos – incluindo o papa. Onde Reagan insistiu que “todas as lições da história nos dizem que o maior risco está no apaziguamento, e esse é o fantasma que os nossos bem-intencionados amigos liberais se recusam a enfrentar”, Caviezel alterou ligeiramente a frase para especificar: “Nossos amigos liberais cristãos”.

Ele acrescentou ainda que estava se referindo a “nossos padres, nossos pastores e agora, infelizmente, até mesmo o nosso papa”, antes de retornar à sugestão de Reagan de que o apaziguamento “não oferece nenhuma escolha entre a paz e a guerra, apenas entre lutar ou se render”.

Os comentários finais de Caviezel também pareceram fazer referência à “tempestade”, uma crença popular entre os devotos do QAnon de que Trump expulsaria as forças do mal das posições de poder.

“Estamos indo ao encontro da tempestade de todas as tempestades”, disse ele. “Sim, a tempestade está sobre nós.”

 

Leia mais

 

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Bispo católico elogia discurso de Jim Caviezel, ator, criticando o Papa, em congresso ligado ao movimento QAnon - Instituto Humanitas Unisinos - IHU