05 Outubro 2021
"Desde 1571, o nome de Lepanto se tornou um símbolo da supremacia do Cristianismo contra o Islã; e ainda hoje grupos de cristãos se referem àquele evento para se contrapor às aberturas ao diálogo com os muçulmanos do Papa Francisco que, em 2019, em Abu Dhabi, junto com Ahamad al-Tayyip, grande imã de al-Azhar, o maior centro sunita do mundo, assinou um pacto sobre 'a fraternidade humana em prol da paz mundial e a convivência comum'", escreve Luigi Sandri, jornalista e escritor, em artigo publicado por L'Adige, 04-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Está ligada à celebração de uma grande vitória militar dos cristãos contra os turcos, que aconteceu 450 anos atrás, certamente não a num evento de paz, a festa de Nossa Senhora do Rosário que se celebra esta quinta-feira, mas que colore todo o mês de outubro pela piedade popular. O rosário - muitos grãozinhos num colar, dividido em cinco dezenas passado as quais se reza a Ave Maria - começou a difundir-se entre o povo no século XII.
E foi particularmente apoiado pelo espanhol Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores (os frades dominicanos, justamente), como poderosa arma espiritual para combater as heresias.
Mas seu momento de maior glória seria três séculos mais tarde.
Também apoiada pelo Papa Pio V - que era dominicano - bastante preocupado com o expansionismo dos otomanos, formou-se a "Liga Santa", uma aliança de forças ocidentais (entre elas o Império espanhol, a República de Veneza, a de Gênova, o Estado Pontifício) decidiu se opor à frota turca, que pretendia ter o controle naval do Mediterrâneo e ameaçar a Itália.
O embate entre a frota cristã, comandada pelo almirante Dom João da Áustria, e aquela turca, comandada pelo almirante Mehemet Alì Pascià, aconteceu em 7 de outubro de 1571 diante de Lepanto, no golfo grego de Patras. Foi uma batalha muito dura: a frota cristã era composta por seis galeaças (os "encouraçados" da época) e 206 galés, no total armadas com 1.800 canhões; aquela turca de 270 galés com 600 canhões. A “Sultana”, a nau capitânia turca, em um pináculo tinha uma bandeira verde com o nome de Alá escrito 28.900 vezes em letras douradas. Depois de momentos alternados de sucesso e derrota, os cristãos conseguiram capturar o comandante turco: decapitaram-no e içaram sua cabeça no mastro da nau capitânia espanhola, um espetáculo horrendo que muito contribuiu para a derrota turca.
O resultado da batalha foi impressionante (para aquela época): 80 galés otomanas foram afundadas, 117 capturadas; entre os mortos e feridos, os turcos perderam trinta mil homens, enquanto oito mil foram feitos prisioneiros; a "Liga Santa" perdeu 7.500 homens e igual número ficou ferido; dezessete navios foram destruídos.
Conta-se que, enquanto tudo isso acontecia, Pio V teve uma espécie de visão: e Nossa Senhora lhe teria dado a entender que os cristãos estavam prevalecendo. Em seguida, solenizou o grande dia instituindo, para 7 de outubro, a "Festa de Santa Maria da Vitória"; título que seu sucessor, Gregório XIII, mudará para "Festa de Nossa Senhora do Rosário".
Desde 1571, o nome de Lepanto se tornou um símbolo da supremacia do Cristianismo contra o Islã; e ainda hoje grupos de cristãos se referem àquele evento para se contrapor às aberturas ao diálogo com os muçulmanos do Papa Francisco que, em 2019, em Abu Dhabi, junto com Ahamad al-Tayyip, grande imã de al-Azhar, o maior centro sunita do mundo, assinou um pacto sobre "a fraternidade humana em prol da paz mundial e a convivência comum".
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Lepanto, 450 anos depois daquela batalha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU