06 Fevereiro 2019
"A segunda assinatura foi colocada pelo Papa, ao lado de Al Tayyb e os dois governantes dos Emirados, na primeira pedra de uma nova igreja dedicada a São Francisco, um dom dos Emirados para o papa e os católicos que aqui vivem."
O comentário é de Marco Impagliazzo, presidente da Comunidade de Sant'Egidio, publicado por Vatican Insider, 05-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A viagem do Papa Francisco a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (a primeira na história da Igreja de um papa na Península Arábica) foi caracterizada por dois abraços e duas assinaturas. O abraço de paz com o Grão-Imã de Al Azhar, e, portanto, com o mundo muçulmano sunita, que sela um caminho de encontros do qual sou testemunha com a Comunidade de Sant'Egidio no "Espírito de Assis". É um abraço que levou à primeira das duas assinaturas, aquela em um documento conjunto entre a Igreja Católica e Universidade de Al-Azhar (o mais importante ponto cultural e religioso do islamismo sunita) sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum. Nós nos declaramos irmãos com todas as implicações positivas que este nome traz em si. Como testemunhas ao abraço e à assinatura, estavam os líderes das grandes religiões mundiais e, humildemente, a Comunidade. É a realização do sonho de João Paulo II: as religiões rezam pela paz e umas pelas outras. Não mais uns contra os outros.
Assim, disse o Papa em seu discurso: "Cabe às religiões neste delicado momento histórico, uma tarefa que não se pode adiar mais: contribuir ativamente para desmilitarizar o coração do homem. A corrida aos armamentos, o alargamento das respectivas zonas de influência, as políticas agressivas em detrimento dos outros nunca trarão estabilidade. A guerra nada mais pode criar senão miséria; as armas nada mais, senão morte. A fraternidade humana impõe-nos, a nós representantes das religiões, o dever de banir toda a nuance de aprovação da palavra guerra. Restituamo-la à sua miserável crueza.".
A segunda assinatura foi colocada pelo Papa, ao lado de Al Tayyb e os dois governantes dos Emirados, na primeira pedra de uma nova igreja dedicada a São Francisco, um dom dos Emirados para o papa e os católicos que aqui vivem. É para eles o segundo abraço dessa jornada. Milhares e milhares de católicos, migrantes da Ásia e da África, que buscam um futuro nesta terra, também através da ajuda de suas famílias que muitas vezes permanecem em seus países de origem. Aqui também o papa abraçou uma periferia humana e existencial, feliz por poder receber a palavra e o abraço de um pai. O
Oriente Médio não é apenas uma terra de emigração de cristãos, mas também de imigração. O sonho é que essas pessoas encontrem aqui, além do acolhimento, uma via de integração. Desses abraços e dessas assinaturas sou testemunha feliz com toda a Comunidade de Sant'Egidio.
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Dois abraços e duas assinaturas: a viagem do Papa Francisco a Abu Dhabi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU