Chile. Violência contra os migrantes: “Não podemos permitir uma nova epidemia, desta vez de ódio, racismo e xenofobia”

Depois de uma marcha massiva, Iquiqueños queimam os poucos pertences de migrantes que foram encontrados na Avenida Aeropuerto e Las Rosas. (Foto: Reprodução de vídeo do Twitter | Conta: Rádio Paulina)

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29 Setembro 2021

 

Na sexta-feira, 24 de setembro, as forças policiais evacuaram a antiga Praça Brasil da cidade de Iquique, onde estavam acampados grupos de migrantes venezuelanos, que nas últimas semanas estão chegando em grande número ao Chile: “Assistimos a espancamentos de menores e de mulheres grávidas, sem prever a possibilidade de hospedar as pessoas que foram removidas e agredidas”, denunciou a Red Clamor Chile, pedindo “o respeito pela integridade e a dignidade de todas as pessoas e, acima de tudo, que sejam garantidos os direitos humanos das crianças e dos adolescentes”.

A reportagem é de Agência Fides, 27-09-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No sábado, 25 de setembro, durante uma marcha contra a imigração ilegal, “um grupo insultou, despiu e depois queimou roupas, objetos pessoais e barracas de pessoas que fugiram de um conflito”, relata ainda a Red Clamor, que reitera: “Atos como esses ameaçam a construção de uma sociedade humana, acolhedora e inclusiva, e continuam lesando o direito a uma vida digna e segura para todos e todas. Reiteramos a nossa rejeição às expulsões de migrantes que contribuíram para gerar um clima de ódio, criminalização e estigmatização que agrava a crise de governança migratória que enfrentamos hoje”.

No comunicado enviado à Agência Fides, a Red Clamor destaca que “uma solução real e séria para a situação no norte do Chile” deve incluir: o acesso a locais de acolhimento com condições sanitárias adequadas, onde sejam garantidas a saúde, a alimentação e o início de processos de regularização; a previsão por parte do Poder Executivo da escuta das autoridades locais e a convocação de grupos de trabalho para enfrentar a crise de forma multidimensional; a mudança da atual política migratória; a coordenação das ações internacionais e o diálogo diplomático para enfrentar o fenômeno das migrações em nível regional.

“Se as atuais políticas migratórias continuarem, a convivência entre comunidades locais e migrantes continuará sendo mais complexa”, destaca a Red Clamor. “Ninguém quer que se perpetue um ciclo de irregularidades, exclusão e até violência contra os migrantes. É urgente uma mudança de rumo nas políticas governamentais, para que sejam inclusivas, participativas, humanitárias e internacionais”.

 

(Foto: Johan Berna | EFE)

 

O Departamento de Pastoral da Mobilidade Humana Incami, do bispado de Valparaíso, comentou a situação em uma declaração do dia 26 de setembro: “Os eventos ocorridos no norte do país nos feriram. É triste ver pessoas humanas se enfrentando. Hoje rezamos e pedimos a todos os responsáveis que busquem logo respostas para esses desafios nos quais a questão central é a proteção das vidas humanas. Não podemos permitir uma nova epidemia, mas desta vez de ódio, racismo e xenofobia. À luz do Evangelho, somos sempre pela vida, especialmente em tempos de crise humanitária. Que as nossas fronteiras possam se tornar realmente lugares privilegiados de oportunidade e de encontro”.

“Essa é uma humilhação inadmissível para os migrantes vulneráveis”, tuitou Felipe Gonzalez, o enviado especial das Nações Unidas para as migrações. “O discurso xenófobo que identifica a migração como crime, que está se tornando cada vez mais difundido no Chile, alimenta esse tipo de barbárie.”

 

 

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