27 Setembro 2021
Não bastavam os muros e as cercas já existentes, nem mesmo os agentes a cavalo que entraram em ação usando chicotes, usados, aliás, sem nenhuma consideração, despertando a indignação até da Casa Branca. Agora, para deter os migrantes - a maioria haitianos em fuga de um país já muito pobre, devastado primeiro por um violento terremoto, depois por um tornado impiedoso e abalado pelo assassinato do presidente - o governador do Texas, Greg Abbott, decidiu enviar para a fronteira com o México centenas de veículos da força da ordem do estado para formar uma barricada contra os migrantes.
A reportagem é de publicada por L'Osservatore Romano, 23-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O resultado é uma fila de carros de vários quilômetros ao longo do Rio Bravo. Um “muro de metal”, como o definiu o governador republicano, insatisfeito com a forma como o governo federal está gerindo a situação e que por isso pretende dar “passos sem precedentes” diante da nova onda de migrantes - 15.000 em poucos dias - aglomerados na cidade de Del Rio. Em suma, novos muros para velhos temores.
O Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, definiu a situação como "deplorável", exortando os Estados Unidos a respeitar as obrigações internacionais, a suspender as restrições aplicadas na fronteira e evitar expulsões em massa sem um exame das necessidades de proteção dos indivíduos.
Enquanto isso, cenas de raiva e desespero foram registradas no aeroporto de Porto Príncipe, onde migrantes recém-repatriados voltavam correndo para o avião em que haviam chegado.
Arquivadas a emoção e as expressões de circunstância após a devastação de uma ilha que está nas últimas, ninguém parece realmente se importar com o destino dessa população atormentada.