01 Setembro 2021
Pequim. Uma hora por dia. Três por semana. Somente às sextas, sábados, domingos e feriados. E em uma faixa de horário bem específica, que agora será estritamente proibido extrapolar: das 20 às 21. Depois acabou, fim do jogo, desligar o PC, o smartphone ou o console e ir para a cama. A partir de hoje os pequenos chineses não poderão mais bancar os espertinhos: chega de noites sem dormir com os olhos grudados na tela. O Partido decide quando e quanto se pode jogar. Pequim segue assim sua série em episódios de regras e proibições e o novo alvo agora são os videogames.
A reportagem é de Gianluca Modolo, publicada por Repubblica, 30-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Novo, na verdade, até certo ponto. Que o próximo na lista fosse o setor dos videogames já havia sido entendido no início de agosto, quando o Economic Information Daily, um jornal afiliado à agência oficial de imprensa Xinhua, os havia definidos como o "ópio do espírito, drogas eletrônicas. Ninguém - continuava o editorial - pode ser autorizado a se desenvolver de maneira a destruir uma geração”. Mensagem clara para gigantes como a Tencent, rainha indiscutível do setor: um terço das receitas de Pony Ma (6 bilhões de dólares) vem dos videogames. E para a NetEase, que de fato ontem, logo após o anúncio, viu suas ações caírem 9,3% nas cotações pré-mercado no Nasdaq.
O Nppa, a administração da imprensa e das publicações, publicou ontem as novas regras que a partir de agora valem para todos os menores de 18 anos. Obrigando as plataformas a aplicar estritamente as novas proibições: os usuários não registrados e não verificados devem ter o acesso aos jogos online negado. E pedindo uma participação "ativa" das famílias e das escolas. Uma forma de “proteger a saúde mental e física e o crescimento saudável dos menores”, diz o documento.
A dependência em videogames é, de fato, um sério problema no país e por isso, desde 2019, os menores só podiam jogar uma hora e meia por dia (três nos finais de semana) com um verdadeiro e próprio toque de recolher das 22h às 8h. Mas, todo mundo sabe, feita a lei, descoberto o engano. E assim, para muitos bastava usar a conta e os documentos de um adulto para fazer login em seu videogame favorito. E o jogo - é preciso dizer - estava feito.
A China é o primeiro mercado mundial para os videogames (36 bilhões de dólares em 2020) e hoje os "gamers" nos quatro cantos do Dragão são 740 milhões: a população dos EUA, Japão, Alemanha, França e Reino Unido juntas.
A Tencent, em comunicado, ontem afirmou ser favorável às novas regras e que trabalhará imediatamente para colocá-las em prática. Afinal, foi o próprio gigante de Shenzhen - talvez sentindo o cheiro de que algo estava por vir - que em junho lançou a "patrulha da meia-noite": um sistema de reconhecimento facial no momento do login capaz de identificar menores e mandá-los de volta aos lençóis se fossem "pegos" jogando fora dos horários permitidos.
Como sempre acontece, a intenção é nobre, mas dupla. Também ontem, de fato, Pequim deu a entender que os esforços para manter as Big Tech sob controle não vão parar. E a luta do Partido para conter "a expansão desordenada do capital" está dando seus primeiros frutos: esta é a análise que resultou da reunião da Comissão para o aprofundamento das reformas, presidida por Xi Jinping. Durante a qual uma série de novas diretrizes também foi aprovada para intensificar as medidas antitruste e promover a concorrência leal.
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China, o Partido contra os videogames: permitidas apenas três horas semanais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU