02 Agosto 2021
Brasil registrou 1.318 mortes por covid em 24 horas. Com apenas 23% da população imunizada e os anúncios de fim das medidas de distanciamento, cientistas temem novo avanço da pandemia.
A reportagem é de Gabriel Valery, publicada por Rede Brasil Atual – RBA, 29-07-2021.
O Brasil registrou hoje (29) 1.318 mais mortes por covid-19 em 24 horas. Com o acréscimo, o país chegou a 554.497 vítimas do vírus. No mesmo período, foram contabilizados 42.283 novos casos, totalizando 19.839.369 desde o início da pandemia, em março de 2020. Apesar de lento, o avanço da vacinação vem apresentando os resultados esperados e as mortes estão em ritmo de queda desde a segunda semana de abril.
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) | Foto: Reprodução RBA
Com 23% da população completamente imunizada (em duas doses ou vacina de dose única), a média diária de mortes, calculada em sete dias, está em 1.069, a menor desde o dia 22 de fevereiro. Entretanto, cientistas estão receosos sobre o futuro próximo da covid-19 no Brasil. Hoje, a variante viral dominante no país é a gamma, ou P1. A pandemia se caracteriza por ondas de transmissão, com picos e vales. Reduzido o contágio da cepa P1, a tendência agora é de avanço da variante delta.
Curvas epidemiológicas de casos e mortes diárias. Comportamento de picos e vales. Fonte: Conass | Foto: Reprodução RBA
Identificada pela primeira vez na Índia, a variante delta é até 70% mais transmissível e mais resistente às vacinas. Em todo o mundo, ela foi responsável por aumentar exponencialmente o contágio e as mortes em países com vacinação insuficiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica vacinar ao menos 80% da população para controlar a pandemia.
“Nos Estados Unidos, a variante delta em junho representava 10% dos casos e havia cerca de 40% de vacinados com duas doses. No fim de julho, representa 90%. Seu crescimento seguiu uma curva exponencial. Em julho no Brasil, ela representa 20% dos casos e temos cerca de 20% de vacinados. É só uma questão de tempo”, alerta a epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel.
Com a variante delta se espalhando pelo mundo, os países retomam medidas de distanciamento social e obrigatoriedade do uso de máscaras. No Brasil, a OMS alerta que a cepa deve se tornar dominante a partir das próximas semanas. Entretanto, as autoridades brasileiras mais uma vez ignoram os alertas e suspendem as já pouco eficientes medidas de proteção. Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria (PSDB) anunciou o fim de todas as restrições para o dia 17 de agosto.
“Pensamento mágico no Brasil. Em fevereiro de 2020: ‘A covid está matando na Europa, mas não vai acontecer aqui. Agosto de 2020: ‘Não vai ter segunda onda’. Julho de 2021: ‘A variante delta não vai se espalhar’. Não conseguimos aprender. Nem com nossos erros, nem com erros dos outros”, completa Ethel.
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‘Variante delta vai se espalhar, mas não aprendemos com os erros’, alerta epidemiologista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU