31 Mai 2021
"A maior liderança popular do Brasil ignorou as manifestações gigantes do dia 29 de maio. Nenhuma palavra. Nenhum alento", escreve Laura Capriglione, em artigo publicado por Jornalistas Livres, 30-05-2021.
Nas redes sociais do Lula, silêncio.
As manifestações contra Bolsonaro mostraram que o povo quer lutar.
Porque percebeu que Bolsonaro é pior do que o vírus da Covid.
Percebeu que o genocida mata, ofende, destrói, queima o futuro, esteriliza a esperança de todos.
Então, fomos obrigados a enfrentar o medo da pandemia. Fomos obrigados a ir para as ruas dizer que chega disso. E tem que ser já!
Mas Lula não foi. Não mandou um beijo. E nem aquele abraço!
Ah, mas o Lula tem 75 anos. É grupo de risco!
Sim.
Mas o fato de estar no grupo de risco não o deixa mudo.
Lula não foi, não falou e seu silêncio foi ensurdecedor.
O homem que inflamou o povo contra a Ditadura Militar, cadê ele?
O sumiço de Lula não foi por considerações sanitárias, porque o povo estaria se aglomerando, por falta de distanciamento social, de máscaras e álcool. Até porque todos estávamos respeitando esses protocolos.
Lula já disse em verso e prosa que é contra o impeachment de Bolsonaro. Que não há tempo para isso, que temos de aturar Bolsonaro até 2022, ano de novas eleições. Que é preciso fazer Bolsonaro “sangrar” até lá.
No começo de maio, Lula foi a Brasília, onde se encontrou com notórios assassinos da Democracia, como Rodrigo Maia, Gilberto Kassab e José Sarney, que apoiaram o impeachment da única mulher eleita presidenta da História do Brasil. Uma mulher honrada. Lula fez-se fotografar com eles.
Mais recentemente, outro retrato: Lula com Fernando Henrique Cardoso, outro golpista, além de invejoso, como todos sabem — até o concreto armado de Niemeyer.
É preciso uma frente para derrotar Bolsonaro, disso ninguém duvida.
Mas o silêncio de Lula no dia 29 de maio grita.
A maior liderança popular do Brasil não pode entrar no conchavo de costas para o povo que o levou até a Presidência.
Na avenida Paulista, ontem, havia uma multidão de jovens e de velhos orgulhosos, trajando camisetas vermelhas, com o rosto de Lula. Gente que lutou pela liberdade dele. E que se dispôs a enfrentar o arbítrio e a perseguição política para fazer Justiça ao operário martirizado.
A esses fortes, Lula não endereçou um pio.
Como seria bom se Lula escutasse o que falou Guilherme Boulos (PSOL), do alto do carro de som na avenida Paulista lotada: “Estamos nas ruas para defender a Vida. Não esperaremos sentados até 2022. Aqui, é só o começo!”
Foi só o começo mesmo. E foi lindo demais, apesar do mutismo de Lula.
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Dia 29: E o Lula? O Lula não foi… E nem mandou beijinhos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU