21 Mai 2021
É o primeiro gesto de um arcebispo católico no país, onde a comunidade LGBT rotineiramente enfrenta a discriminação.
A reportagem é de Youna Rivallain, publicada por La Croix International, 19-05-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Um arcebispo católico na Croácia, um país não conhecido como “gay friendly” (amigável com gays), se desculpou com os homossexuais que se sentem rejeitados pela Igreja.
“Queridos amigos”, começou o arcebispo Mate Uzinić em um post de 17 de maio em sua página no Facebook, o Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia.
O arcebispo coadjutor de Rijeka, de 53 anos, quis lembrar a seus seguidores que os católicos são obrigados a se opor a “toda forma de discriminação, agressão e violência, insultos e comentários depreciativos contra os homossexuais”.
Sua mensagem foi considerada particularmente tocante em um país conhecido por ser socialmente conservador e intolerante com a diversidade sexual.
O arcebispo Uzinić, que chefiou a Diocese de Dubrovnik entre 2011 e 2020, expressou seu apoio aos homossexuais e pediu perdão aos que se sentem rejeitados pela Igreja.
Sua mensagem veio apenas dois meses depois que o Vaticano reiterou sua objeção à bênção de casais homossexuais.
Acredita-se que seja a primeira vez que um importante líder católico na Croácia defende a comunidade LGBT do país.
Em sua mensagem no Facebook, o arcebispo insiste particularmente nos ensinamentos da exortação apostólica do Papa Francisco Amoris laetitia.
“A Igreja conforma o seu comportamento ao do Senhor Jesus que, num amor sem fronteiras, Se ofereceu por todas as pessoas sem exceção”, diz ele, citando o texto papal (AL, 250).
Uzinić então lembra aos católicos que eles são chamados a estar com todos, independentemente de sua orientação sexual.
“Antes de tudo, gostaríamos de reafirmar que toda pessoa, independentemente da orientação sexual, deve ser respeitada em sua dignidade e tratada com consideração, enquanto 'todo sinal de discriminação injusta' deve ser cuidadosamente evitado, especialmente qualquer forma de agressão e violência”, diz ele, continuando a citar Amoris laetitia.
“Essas famílias devem receber orientação pastoral respeitosa, para que aqueles que manifestam uma orientação homossexual possam receber a ajuda de que precisam para compreender e cumprir plenamente a vontade de Deus em suas vidas”, disse o arcebispo com uma citação final.
Visto que muitos gays e lésbicas sofrem discriminação dentro de suas próprias famílias, ele também pede perdão àqueles nascidos em uma família católica e que se sentem rejeitados tanto pela Igreja quanto por seus entes queridos.
“A Igreja, como família, deve ser assim para todos os seus membros e cada um deve poder receber o acompanhamento pastoral que merece, como nos recorda Amoris laetitia”, insiste dom Uzinić.
A postagem no Facebook atraiu muitos comentários.
Alguns parabenizaram entusiasticamente o arcebispo, enquanto outros condenaram violentamente sua posição.
Mais de 86% das pessoas na Croácia se identificam como católicas e cerca de 27% delas assistem à missa todos os domingos.
A Croácia é considerada, pela Associação Internacional de Gays e Lésbicas, o país eslavo mais avançado em relação aos direitos LGBT e a discriminação contra gays é crime desde 2009.
No entanto, os homossexuais ainda são vítimas de violência rotineira.
O episódio mais marcante continua sendo o Desfile do Orgulho Gay na cidade de Split em 2011, onde os manifestantes foram agredidos física e verbalmente por contramanifestantes.
Quarenta e quatro pessoas ficaram feridas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Croácia. Arcebispo pede desculpas aos homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU