20 Mai 2021
"No entanto, especialmente na situação atual, as mídias católicas/eclesiais têm uma importância que não deve ser subestimada. Se forem profissionalmente bem formados e competentes no assunto, podem prestar um serviço tanto aos colonizadores de setores periféricos da Igreja como aos que ainda têm um forte sentido de pertença e empenho eclesial", escreve Ulrich Ruh, em artigo publicado pela revista online Kreuz und Quer e reproduzido por Settimana News, 19-05-2021. A tradução da versão italiana é de Luisa Rabolini.
No catolicismo alemão, os nervos estão à flor da pele. A Conferência Episcopal e o Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK) escolheram o "Caminho Sinodal" para canalizar o debate eclesial sobre o desenvolvimento da fé e da Igreja no país - "Caminho" iniciado no final de 2019 e teria a tarefa de obter resultados esclarecedores.
Até agora, porém, não desarmou a polarização entre as diferentes correntes, nem contrastou de forma decisiva à letargia e à falta de imaginação que se difundiram na vida da Igreja. Por um lado, percebe-se que a Igreja Católica na Alemanha está se distanciando das normas doutrinárias do magistério - até mesmo por parte dos bispos - e estaria no caminho cismático de se tornar uma "Igreja nacional".
Por outro lado, entre não poucos teólogos universitários, agentes pastorais e voluntários empenhados nas paróquias e associações, está se difundindo um descontentamento crescente pelos muitos entraves colocados no caminho da reforma. Sinais confusamente diferentes chegam de Roma e nos fiéis da Igreja alemã frequentemente dominam o desinteresse e o cansaço diante desses fatos.
Naturalmente, esta situação também afeta as mídias católicas: tanto as que são diretamente publicadas e sustentadas financeiramente pela Igreja oficial, quanto as que são independentes, mas mais ou menos estreitamente ligadas a ela por orientação e interesse. No geral, essa parte do cenário midiático vem passando por uma grande mudança há anos, já em termos puramente quantitativos. Na medida em que as dioceses alemãs ainda têm um jornal diocesano "clássico", sua circulação está, no entanto, via de regra, em queda livre. Por outro lado, as dioceses têm constantemente expandido seus próprios escritórios de relações públicas e a comunicação.
Ainda existem muitas revistas católicas que estão vinculadas a uma comunidade religiosa ou órgãos de publicação de associações individuais. Mas dificilmente essas têm um efeito sobre a opinião pública eclesial como um todo. Órgãos de imprensa individuais de origem ou cunho católico, com publicação semanal ou mensal (como, por exemplo, Herder Korrespondenz ou Publik Forum), certamente têm tal efeito, mas estão longe de ser órgãos formadores de opinião em grande escala ou entre as elites sociais. Isso também se aplica aos vários blogs católicos e fóruns na Internet.
É claro que as mídias católicas não estão imunes às grandes tendências para a polarização na Igreja e no catolicismo, por um lado; e para a crescente difusão da identidade católica tradicional na piedade e na configuração eclesial, pelo outro.
Em parte, tomam partido mais ou menos claramente nas disputas correspondentes; em parte, procuram, obedecendo a vínculos estruturais ou por iniciativa própria, levar em conta as diferentes posições e, portanto, os diferentes segmentos do seu público de leitores nos seus relatórios e comentários - o que muitas vezes se traduz em manobras constantes e incômodas. Quem já trabalhou ou foi responsável editorial de uma mídia eclesiástico/católica desse tipo está bem ciente da dificuldade dessa atividade laboriosa - geralmente bastante ingrata.
A Igreja Católica é uma entidade diversificada e complicada, representada em todo o mundo e com uma história variegada desde os primeiros dias do Cristianismo através a Antiguidade Tardia e a Idade Média até os tempos modernos. Inclui um vasto inventário de edifícios eclesiásticos com estilos diferentes; representações pictóricas de cenas bíblicas e santos; ambientações dos textos da missa e de textos da história da piedade; construções de pensamento teológico especulativo e tratados místicos; e uma infinidade de ordens e movimentos religiosos.
Pode ser difícil para as mídias gerais, quando tratam desta Igreja, render justiça à sua diversidade histórica e contemporânea, por mais que devam se esforçar para serem competentes também nesse setor. Mas as mídias católicas não deveriam se permitir ser superadas em precisão, sofisticação e habilidade de mediação no que diz respeito ao seu próprio âmbito de trabalho em todas as suas facetas. Mesmo as comunidades não católicas dentro do Cristianismo, e toda a área das religiões, como aquela da religiosidade cultural-social generalizada, não devem ser excluídas do âmbito de competência das mídias católicas; aliás, são uma sua parte essencial.
Quem carece de cuidado e sensibilidade sobre esses aspectos, seja sobre um ou outro argumento como sobre o conjunto das questões, acaba se desqualificando: tanto em relação às outras mídias não eclesiásticas quanto em relação a seus destinatários.
Isso é especialmente verdadeiro também para aquelas mídias que têm um posicionamento claro nas disputas internas da Igreja. Com apresentações unilaterais e abreviadas de fatos históricos ou teológicos, certamente não fazem um favor a si mesmas. Nesses casos, o recurso ao Catecismo da Igreja Católica como norma firme não ajuda em nada.
A grande maioria dos membros da Igreja Católica na Alemanha hoje não usa nenhuma das ofertas das mídias católicas, e esse desenvolvimento deve se intensificar nos próximos anos.
No entanto, especialmente na situação atual, as mídias católicas/eclesiais têm uma importância que não deve ser subestimada. Se forem profissionalmente bem formados e competentes no assunto, podem prestar um serviço tanto aos colonizadores de setores periféricos da Igreja como aos que ainda têm um forte sentido de pertença e empenho eclesial.
A uns, fornecendo-lhes informações confiáveis sobre a fé e a Igreja em caso de interesse ocasional ou relacionadas a questões específicas. Aos outros, oferecendo com as suas informações, enquadramentos e comentários uma ajuda argumentativa sólida e estimulante - talvez até exigente - no que se refere aos argumentos necessários ao bom andamento da Igreja. Isso também pode incluir um suporte espiritual inteligente em palavras e imagens.
Em regra, as mídias eclesiais/católicas de qualquer tipo não podem esperar um grande sucesso no que se refere à atenção da opinião pública em geral (desde que se tenha uma visão realista das coisas e, sobretudo, do diferenciado panorama midiático alemão).
Essas mídias já são produtos de nicho e provavelmente se tornarão ainda mais no futuro próximo. Mas certamente não prejudica ao discurso social sobre a religião e as religiões, que atualmente certamente ocorre e tende a continuar mesmo em condições seculares ainda mais pronunciadas, se houver alguma mídia que, de forma confiável e sem pretensões hegemônicas, tentam introduzir posições e impulsos de discussão vindos da área católica - com ou sem mandato oficial da Igreja.
As mídias católicas deveriam ficar de olho nas oportunidades que esse cenário geral ainda oferece, mesmo que seu número e impacto diminuam.
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Mídias católicas: um produto de nicho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU