11 Janeiro 2021
A comunicação tem um papel fundamental na sociedade atual, também na vida eclesial. A tecnologia tem possibilitado que as notícias se façam presentes na vida do povo de maneira instantânea. Diante dessa realidade, a Igreja do Brasil criou o Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil, uma iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), a serviço da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Em vista de promover a evangelização e a cultura do encontro, a nova entidade pretende contribuir na qualificação da comunicação da Igreja Católica no Brasil, tendo como base as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora e o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil.
Segundo o padre Dário Bossi, um dos coordenadores do novo observatório, ele começou “a partir de algumas reflexões e provocações no âmbito da CRB, particularmente de um grupo de provinciais de congregações religiosas no Brasil”. A ideia de criar o observatório também estava presente no pensamento de Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB.
Uma das preocupações, segundo o padre Bossi, foi a reunião que aconteceu no dia 21 de maio entre “alguns representantes das televisões católicas com o presidente da República”, onde segundo o provincial dos combonianos, “houve, implícita o explicitamente, algumas barganhas de favorecimentos financeiros, isenções, em troca de possíveis visibilidades e apoios à linha da presidência, o que não é especificamente um papel da Igreja católica”. Essa reunião fez com que a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB se posicionasse com uma nota em que mostrava sua desconformidade com o acontecido no encontro.
No Brasil, a força de alguns veículos da mídia católica tem crescido muito nos últimos anos, segundo o provincial dos combonianos. Ele destaca que essa mídia está tendo “capacidade de influenciar a espiritualidade, a reflexão e as posições do Povo de Deus no Brasil”. Junto com isso, afirma “a preocupação ao respeito de outros fenômenos como as redes sociais, os famosos influencers, vários dos quais representam uma visão bastante conservadora e fundamentalista da Igreja”. Nesse sentido, o padre Bossi, que foi um dos padres sinodais, lembra “sobre o papel das redes sociais católicas e de algum influenciador que foi especialmente crítico ao Sínodo da Amazônia”.
Trata-se de “um observatório independente, mas a disposição da Comissão de Comunicação da CNBB, para aprofundar determinados aspectos e preocupações, estudar tendências, examinar riscos, evidenciar oportunidades e características interessantes da comunicação católica”, segundo o padre Dário. A intenção é “trabalhar na perspectiva de ser um órgão externo que faça uma observação independente das ações da comunicação da Igreja no Brasil e dar sugestões”, afirma Robson Sávio Reis Souza, que também é membro do observatório.
Segundo o professor da PUC Minas, “ ideia é que a gente faça monitoramento, mas também dê sugestões”, insistindo em que “há muitos temas que nos preocupam, dentre eles o papel das TVs católicas no Brasil, sua linha comunicativa, o jeito da instituição de comunicar-se com a sociedade”. É por isso, que Robson Sávio insiste em que “o papel é encaminhar informes para a CNBB”.
O Observatório está sendo integrado por religiosos e religiosas, leigos e leigas, em representação da CRB e da CBJP, “profissionais do mundo da comunicação, atentos às dimensões sociológica, antropológica e religiosa da comunicação”, segundo o padre Bossi. A través de reuniões periódicas, o observatório, afirma o provincial dos combonianos, “pretende apresentar algum aprofundamento sobre os temas mais urgentes, mais delicados, mais importantes”.
A Coordenação do Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil está formada por:
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Igreja católica cria Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU