02 Setembro 2019
Korrespondenz vê um “pessimismo intelectual” no Papa Emérito Bento XVI, que acusou a teologia pós-Concílio de permitir uma moral laxista diante da “revolução sexual" de 1968, o que pode ter facilitado a crise de abusos. Voker Resing: “O verdadeiro sofrimento dos católicos de 1968 não foram, de forma alguma, os excessos de um momento dos jovens, mas a encíclica Humanae Vitae”.
A informação é publicada por Religión Digital, 29-08-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O que há com o Papa Emérito Bento XVI? Sete anos depois de renunciar e aos 92 anos, Joseph Ratzinger parece mais ativo do que nunca e está bem longe da “vida de oração e silêncio” a que ele mesmo se impôs quando da renúncia ao pontificado. “Realmente prometeu silêncio quando falou de sua saída?”, perguntou-se Volker Resing, redator-chefe da Herder Korrespondenz, revista semanal que recebeu um escrito do religioso como resposta às críticas formuladas por uma especialista à sua tese sobre os abusos sexuais na Igreja.
Entrevistado por uma rádio da Arquidiocese de Colônia, Resing lamenta a resposta dada pelo pontífice aposentado às críticas feitas após a publicação de seu ensaio. Como se sabe, Ratzinger deu a entender que tanto João XXIII quando Paulo VI permitiram uma moral laxista frente à “revolução sexual” de maio de 68. “A teologia moral católica sofreu um colapso que deixou a Igreja indefesa diante dessas mudanças na sociedade”, afirmou ele na revista bávara Klerusblatt.
“(Os que me criticam) Não nomeiam uma só vez a Deus”, queixou-se o Papa Emérito. No entanto, o responsável da publicação insiste em que o artigo a que alude Ratzinger (publicado pela professora Birgit Aschmann) “mostra muito bem que o verdadeiro sofrimento dos católicos de 1968 não foram, de forma alguma, os excessos de um momento dos jovens, mas a encíclica Humanae Vitae”.
“Inclusive os católicos adultos, que não se suspeita terem ido dançar em Woodstock” – ironiza – “assinalaram que a encíclica interveio no mais privado da vida”. Todavia, nada disso aparece na réplica de Bento XVI. “Talvez poderíamos acusar o teólogo Ratzinger de não se referir a esta questão. Ele não se refere às críticas sobre o tema de 68 e a moral sexual. E mais, chega a dizer que o texto de Aschmann pode inspirar uma maior reflexão. Evidentemente que eu gostaria de ouvir o que pensa o Papa Emérito sobre isso”.
Com respeito à ausência de Deus, o redator-chefe da Herder Korrespondenz lamenta que “falar de Deus é correto e importante, mas reduzimos demasiado o debate se nos expressamos, como o faz, a partir de um pessimismo cultural”. Mesmo assim, o editor defende a capacidade de Ratzinger de debater “em qualquer momento e em qualquer idade”. Outra coisa é, como ele mesmo disse, que “iria permanecer em silêncio”. Realmente o fez?
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Nova resposta a Ratzinger: “Realmente prometeu silêncio quando falou de sua saída?” O redator-chefe da Herder - Instituto Humanitas Unisinos - IHU