Haiti. “Aleluia”, alívio e gratidão pelos reféns libertados

Religiosas no Haiti | Foto: Vatican Media

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04 Mai 2021

 

Nenhum resgate foi pago para libertação dos dez reféns – padres, irmãs e leigos – que foram sequestrados no início de abril, perto de Porto Príncipe.

A reportagem é publicada por La Croix, 03-05-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Os últimos seis dos dez católicos que foram sequestrados em 11 de abril no Haiti foram libertados durante a madrugada de 30 de abril.

A libertação ocorreu no último dia de uma novena que a Diocese de Anger promoveu para orar pela irmã Agnès Bordeau, s.p., de 80 anos que estava entre as prisioneiras.

“Eles estão sãos e salvos, mas muito cansados”, disse a irmã Mariannick Caniou, superiora geral da congregação de Bordeau.

Os últimos seis reféns foram levados ao hospital de Porto Príncipe para um exame de saúde.

A Sociedade dos Padres de São Tiago, que teve quatro de seus membros sequestrados, e as Irmãs da Providência expressam alívio, alegria e gratidão.

Três padres, duas religiosas e um leigo foram os últimos a ser libertados.

Os líderes regionais da Sociedade dos Padres de São Tiago relataram a notícia ao seu generalato na França.

Quatro dos cinco padres sequestrados pertenciam a esta sociedade missionária.

“Encontramos nossos confrades, as irmãs e os familiares do padre Jean Anel Joseph com boa saúde”, anunciou a sociedade clerical em um comunicado.

“Nossas primeiras palavras vão para nossos irmãos e irmãs libertos, para falar-lhes de nossa alegria e grande satisfação por encontrá-los sãos e salvos”, disse o documento.

Embora o generalato da sociedade missionária ainda não tenha conseguido se comunicar com os reféns libertados, ela sabe que eles estão saudáveis e seguros.

 

“Confirmação de que não estávamos sozinhos”

“É um grande alívio”, disse Georgino Rameau, secretário-geral da Sociedade dos Padres de São Tiago.

“Durante essas semanas de cativeiro, recebemos a confirmação de que não estávamos sozinhos”, disse o padre baseado na França ao La Croix.

Ele disse que era difícil administrar a situação à distância, devido ao estresse e às incertezas. Ele também destacou o desafio de transmitir “a solidariedade com a Igreja, as mensagens de apoio de todo o mundo e o apoio dos Estados da França e do Haiti”.

A Sociedade dos Presbíteros de São Tiago manifestou o seu interesse especial por exprimir a sua gratidão a Deus e às “pessoas e instituições que se envolveram conosco no processo que conduziu esta manhã à libertação dos nossos confrades e amigos, pelos quais lutávamos de corpo e alma”.

Agradeceu ao arcebispo Max Leroy Mesidor, de Porto Príncipe, aos bispos e religiosos do Haiti, à polícia do país insular e à embaixada francesa “que se colocaram ao nosso lado para conseguir esta libertação”.

Os cinco padres, duas religiosas e três leigos foram sequestrados em 11 de abril em um bairro nos arredores de Porto Príncipe, enquanto se encaminhavam para a posse de um novo sacerdote, o padre Jean Anel Joseph.

Uma leiga, parente do novo padre, foi a primeira a ser libertada em 14 de abril.

Depois, uma religiosa haitiana, um padre diocesano e um leigo que foram libertados no dia 22 de abril.

Entre os que permaneceram nas mãos dos sequestradores estavam dois cidadãos franceses: Michel Briand, um padre de São Tiago, de 67 anos, que está há trinta no Haiti, e a irmã Agnès.

O grupo também incluiu um leigo e quatro padres haitianos da Sociedade de São Tiago.

Um líder de gangue local assumiu a responsabilidade pelos sequestros. Ele tinha como alvo os cidadãos franceses propositalmente.

 

“Você não pode comprar liberdade”

Ele e seus companheiros sequestradores exigiram um resgate de um milhão de dólares.

A Sociedade dos Padres de São Tiago disse que o resgate não foi pago.

“Pagar pela liberdade vai contra nossos valores. Durante as negociações, os sequestradores perceberam que sua demanda não seria mantida”, disse Rameau, o secretário-geral da sociedade.

“Você não pode comprar a liberdade”, suspirou uma das Irmãs da Providência.

Os sequestros provocaram uma profunda crise política no Haiti, um país empobrecido que experimentou um aumento de sequestros para obter resgate nos últimos meses. A tendência é uma prova do domínio que os grupos armados exercem sobre a ilha.

Os bispos do Haiti convocaram uma greve em 15 de abril, quatro dias após os sequestros, para denunciar a inação do governo e o clima de violência.

“É claro que existem riscos”, disse a irmã Mariannick, a superiora geral das Irmãs da Providência, sediada na França.

“É nossa missão ser enviada às pessoas de lá. Não tenho medo”, disse ela.

 

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