24 Abril 2021
Os protestos contra Bolsonaro estão aumentando todos os dias no Brasil. Desta vez foi em Manaus, uma das cidades mais atingidas no mundo pela pandemia de Covid-19, que já ceifou as vidas de 4.000 pessoas por milhão de habitantes nessa cidade, situação pela qual muitos culpam o presidente brasileiro. Bolsonaro é um dos grandes negacionistas da pandemia, que pouco ou nada fez para a combater e atualmente para que a vacina seja aplicada na população.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
A sua presença em Manaus na sexta-feira provocou protestos da população, incluindo grupos da igreja. Vida religiosa, seminaristas, membros da Pastoral Juvenil, da Pastoral Social, da Rede um Grito pela Vida e do Serviço de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental da Amazônia - SARES, da Companhia de Jesus, entre outros, estavam entre os que aguardavam a chegada do presidente à sede da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, onde iria receber o título de cidadão amazonense, ato que foi finalmente transferido para outro local.
Foto: enviada pelo autor
Paulo Tadeu Barausse, coordenador do SARES, repudiou a decisão da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas em que o Projeto de Lei 187/2021, de 20 de abril de 2021, concedeu o título de cidadão do Estado do Amazonas ao Presidente Bolsonaro.
O jesuíta considera-o uma imensa contradição, dado o elevado número de mortes causadas pela pandemia de Covid-19, tanto no Brasil, onde o número de mortos já ultrapassou os 383 mil, como no Estado do Amazonas, com cerca de 12.500 mortes causadas pela pandemia. Barausse pergunta-se "como pode tal pessoa receber um diploma?", denunciando que "estamos vivendo uma profunda crise política, econômica, ecológica e de saúde". O diretor do SARES insistiu que isto, como movimentos pastorais e sociais, "nos causa um profundo repúdio", algo com que aqueles que "querem um Brasil mais justo, unido e fraternal" não concordam.
Foto: enviada pelo autor
Estamos perante um fato "inconcebível e contraditório", fazendo um apelo à reflexão da opinião pública "neste momento tão sombrio que estamos vivendo", disse o jesuíta. O padre Barausse mostrou a sua indignação perante um título que resultou de uma votação repentina, que se destina apenas a conter os efeitos da Comissão Parlamentar de Inquérito aberta no Câmara dos Deputados para julgar as ações do presidente face à pandemia, claramente ineficiente, mesmo criminosa, de acordo com grande parte da opinião pública brasileira e mundial.
Foto: enviada pelo autor
Desde que a concessão do título de cidadão ao presidente brasileiro se tornou conhecida, os protestos multiplicaram-se. Algumas pessoas que tinham recebido a mesma honraria renunciaram publicamente ao seu estatuto de cidadãos amazonenses nas últimas horas.
Foto: enviada pelo autor
Entre os presentes às portas da Assembleia Legislativa estavam representantes da Rede um Grito pela Vida, que luta contra o tráfico de seres humanos e a exploração sexual de crianças e adolescentes. A sua coordenadora em Manaus, Rose Bertoldo, disse que, "embora neste tempo de pandemia, protestar na rua seja um grande risco, precisamos de nos mobilizar para denunciar coletiva e publicamente os atos genocidas do atual desgoverno".
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Grupos eclesiais manifestam-se em Manaus contra Bolsonaro, “neste momento tão sombrio que estamos vivendo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU