09 Abril 2021
Segundo a organização Global Forest Watch, em 2020 o Brasil destruiu 1,7 milhão de hectares, área três vezes maior que a destruída pelo Congo, o segundo colocado.
A reportagem é de Cida de Oliveira, publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 02-04-2021.
Reprodução: Rede Brasil Atual
O Brasil segue na liderança do ranking mundial de destruição de florestas tropicais. E com folga. Levantamento da organização Global Forest Watch divulgado nesta quarta-feira (31) mostra que em 2020 foram devastados 1,7 milhão de hectares pelo desmatamento desenfreado e queimadas. A área de floresta destruída no Brasil é três vezes maior que a do segundo colocado, a República Popular do Congo.
O levantamento mostra também que a devastação é crescente. Em 2020, segundo ano do governo de Jair Bolsonaro, com Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, a perda aumentou em 25% em comparação com o ano anterior, quando a dupla deu início à desastrada política ambiental.
Reprodução: Rede Brasil Atual
Segundo a Global Forest Watch, a maior parte da perda de floresta tropical brasileira se deu na Amazônia. O bioma teve aumento de 15% em sua área devastada em relação ao ano anterior, totalizando 1,5 milhão de hectares. Áreas recém abertas são particularmente comuns nas fronteiras ao sul e a leste da Amazônia, mais conhecida como “arco do desmatamento” e às margens de rodovias que cortam a floresta. Muitas delas estão em processo de expansão, com pavimentação prevista.
Também estão na Amazônia as diversas cicatrizes deixadas por incêndios. A porção brasileira da floresta é a que foi mais atacada pelo fogo, de maneira mais intensa do que no ano anterior. Segundo os pesquisadores, grandes incêndios raramente ocorrem em florestas tropicais úmidas, como a Amazônia.
Ainda segundo o relatório, em 2019, grande parte dos incêndios ocorreu em áreas já desmatadas, por ação de fazendeiros que prepararam a terra para agricultura e formação de pasto. Entretanto, em 2020, as florestas concentraram o maior número de incêndios, causados por humanos, que se alastraram para além da extensão calculada, devido ao clima seco.
Os cientistas temem que os incêndios e as emissões relacionadas possam aumentar no futuro. As mudanças climáticas e o aumento no desmatamento, secando as florestas e tornando-as mais vulneráveis a incêndios, podem transformar a Amazônia em uma savana.
Apesar do prejuízo, a Amazônia não foi o único bioma brasileiro a sofrer com a crescente perda de floresta úmida em 2020. O Pantanal, maior planície alagada contínua do mundo, também viu aumento na destruição de floresta. Em 2020 foi 16 vezes maior do que no ano anterior.
Especialistas estimam que cerca de 30% do Pantanal ardeu em chamas em 2020. O fogo não poupou áreas protegidas e territórios indígenas. Tribos como os Guató ficaram sem alimentos ou água limpa. Tampouco a biodiversidade. Milhares de animais mortos ou feridos, entre eles onças-pintadas e outras espécies vulneráveis. Ainda segundo o relatório, mesmo que o impacto não esteja claro a longo prazo, as proporções sem precedentes destes incêndios sugerem que algumas áreas do Pantanal podem não se recuperar por décadas.
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Brasil segue firme na liderança mundial da destruição de florestas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU