30 Dezembro 2020
Dom Dermot Farrell, de Ossory, na Irlanda, foi nomeado pelo Papa Francisco como o novo arcebispo de Dublin, substituindo o arcebispo Diarmuid Martin.
A reportagem é de Charles Collins, publicada em Crux, 29-12-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Farrell, de 66 anos, lidera a Diocese de Ossory desde 2018.
“Durante os últimos três anos fui o bispo de Ossory, onde me sinto muito feliz e realizado. Como vocês entenderão, sinto uma certa tristeza em deixar Ossory, seus padres e o seu povo. No entanto, venho com esperança e estou confiante de que também serei feliz em Dublin”, disse o bispo nesta terça-feira, 29.
O arcebispo de Dublin, capital da República da Irlanda, atua como primaz da Irlanda.
“Desde muito jovem, Dublin sempre fez parte da minha vida”, disse Farrell.
“Minha falecida mãe trabalhou aqui quando jovem. Quando adolescente, eu passava as férias de verão com a minha tia e o meu tio que moravam e trabalhavam no Liberties [um bairro da classe operária]. Eles me apresentaram a história e a rica vida cultural da cidade. Dublin sempre foi um lugar de acolhida para as pessoas de toda a Irlanda. Agora, é uma cidade de acolhida para as pessoas de todo o mundo”, disse o bispo.
A Arquidiocese de Dublin tem 198 paróquias, incluindo as áreas rurais circundantes.
Martin, uma antiga autoridade vaticana, foi nomeado arcebispo coadjutor de Dublin em 2003 e sucedeu ao cardeal Desmond Connell como arcebispo em 2004. Ele completou 75 anos no dia 8 de abril e, na época, não fazia segredo de que queria um sucessor nomeado o mais rápido possível.
“Quando a minha nomeação como arcebispo foi formalmente anunciada, o cardeal Connell, na entrevista coletiva, começou dizendo: ‘Este não é o meu dia. Hoje é o dia do novo arcebispo’. Eu repito esses sentimentos ao saudar e pedir a bênção de Deus sobre o meu sucessor, o arcebispo eleito Dermot Farrell”, disse Martin ao apresentar seu sucessor.
Farrell observou que a Igreja está passando por “um momento de mudanças profundas e rápidas”.
“O nosso mundo está mudando diante dos nossos olhos, o nosso país está mudando profundamente, e a nossa Igreja muda debaixo dos nossos pés. Juntos, somos chamados a encontrar um caminho para o futuro que Deus abre diante de nós. O único caminho genuíno para o futuro é um caminho compartilhado, um caminho juntos”, disse o bispo.
“Nossas vidas estão nas mãos de Deus. A vida de cada pessoa é um mistério. Nem sempre apreciamos isso, mas isso não o torna menos verdadeiro. Não sabemos como será o futuro. O que sabemos é que, colocando as nossas vidas nas mãos de Deus, as nossas vidas darão frutos”, acrescentou.
O bispo observou que o mundo está “confrontado com duas crises interconectadas” – a pandemia do coronavírus e a crise ecológica – que requerem uma ação urgente por parte daqueles que têm um “senso de propósito que vem de uma visão clara”.
“A relação entre o Evangelho e a cultura na qual ele é proclamado é sempre tensa. Foi assim para Jesus; é assim para nós. A resposta do nosso tempo à pluralidade de posições, à diversificação dos comportamentos e à variedade de culturas não pode seguir por um caminho de desilusão e decepção. Somos chamados à renovação, somos chamados ao encontro”, disse Farrell.
Em seus comentários, Farrell elogiou Martin pelo seu trabalho na proteção das crianças após uma série de escândalos de abusos clericais que abalaram a Igreja na Irlanda, que já foi a nação mais católica da Europa.
“O arcebispo Martin aceitou a liderança da diocese em um momento desafiador em 2003. Desde então, ele forneceu uma liderança forte e inequívoca, especialmente na proteção das crianças, onde assumiu posições corajosas. É preciso vigilância constante, pois a complacência é o maior inimigo. Uma Igreja segura para todos os que são vulneráveis, sejam eles jovens ou não tão jovens, só pode existir onde houver um compromisso com a verdade, uma transparência genuína e um cuidado perene pelas vítimas. A Igreja na Irlanda se tornou uma Igreja mais humilde, uma Igreja mais capaz de ouvir”, disse o bispo.
O presidente da Conferência dos Bispos da Irlanda, o arcebispo Eamon Martin, de Armagh, emitiu uma declaração dizendo que Farrell “é um colega trabalhador e próximo, com muitas habilidades e qualidades a oferecer para o seu novo ministério como arcebispo de Dublin”.
“O ministério sacerdotal e episcopal do arcebispo-eleito Farrell foi imbuído de uma profunda compreensão da teologia e da ciência, junto com um forte instinto pastoral e desejo de cumprir a missão do Evangelho em palavras e em ações. Ele traz uma espiritualidade profunda, um ensino sólido e habilidades de comunicação para o seu ministério”, disse o arcebispo.
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Irlanda: Dom Dermot Farrell é nomeado novo arcebispo de Dublin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU