11 Dezembro 2020
O mundo dos negócios pós-covid poderia transformar a gestão de recursos humanos, um movimento católico acadêmico diria “organização de equipes para enfrentar um futuro, imprevisível, crises econômicas e sociais”.
A Dra. Caren Rodrigues, uma professora assistente no Instituto São José de Administração em Bangalore, Índia, apresentou suas ideias no evento Economia de Francisco, sediado no Vaticano no último mês.
A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por Crux, 10-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os três dias de evento foram originalmente agendados para ocorrer em março, em Assis, mas a pandemia de covid-19 o forçou a ser adiado até 19 a 21 de novembro, onde ocorreu como conferência virtual, online. Em torno de 2 mil jovens de 120 diferentes países participaram, e discutiram modelos econômicos que protegeriam o meio ambiente assim como as necessidades humanas básicas, e a promoção de esforços econômicos sustentáveis.
Rodrigues participou na categoria de pesquisadora.
“As tarefas dos pesquisadores incluíram detalhes como a descrição das estruturas teóricas, metodologia, descobertas e implicações teóricas e práticas de nossa pesquisa, e como podemos potencialmente usar esse conhecimento para desenvolver soluções para os problemas econômicos de nosso tempo. Então, fiquei emocionada com a escolha”, disse ela ao Crux.
O adiamento da Economia de Francisco fez com que a natureza do evento evoluísse, com o tempo extra de preparação permitindo aos especialistas trabalhar e trocar ideias durante meses.
Foram 12 grupos de trabalho, entre eles: administração e dom; finanças e humanidade; trabalho e cuidado; energia e pobreza; agricultura e justiça; negócios e paz; mulheres pela economia; CO2 e desigualdades; lucro e vocação; negócios em transição, vida e estilos de vida; policies e felicidade.
Rodrigues fazia parte do subgrupo de pesquisa Administração e Dom, e disse que seus colegas eram “muito inteligentes, trabalhadores, apaixonados e calorosos”.
“Então, nos meses que antecederam o evento online, foi muito enriquecedor interagir com tantos pesquisadores talentosos por meio de reuniões de brainstorming, workshops sobre a vida e diálogos com especialistas”, disse ela.
Sua proposta de pesquisa foi selecionada como uma das três melhores propostas do grupo Administração e Dom, e então ela foi escolhida como uma das doze “Economistas da Vida” para apresentar propostas que iriam “ajudar o mundo a avançar” através da Economia de Francisco.
“Minha proposta é a seguinte: A pandemia de covid-19 tem sido a força mais disruptiva desde as guerras mundiais para a gestão de pessoas nas organizações e, portanto, vejo nela uma oportunidade de transformar a Gestão de Recursos Humanos. Minha pesquisa examina ações relacionadas a RH de cerca de 200 governos nacionais, 600 grandes empresas, bem como entrevistas com funcionários e gerentes, a fim de especificar mudanças tangíveis nas práticas de RH que servem como um ‘presente’ para os funcionários, criando valor econômico para as organizações”. Rodrigues explicou.
“Embora isso sem dúvida vá beneficiar os funcionários, vai equipar as organizações para lidar com futuras crises econômicas e sociais imprevisíveis. Minha proposta é dirigida explicitamente a grandes organizações nacionais e multinacionais e agências multilaterais internacionais, pois suas práticas e convenções institucionalizam paradigmas de gestão nas organizações. Estou muito animada por ter o apoio e alcance da Economia de Francisco para tornar minha pesquisa impactante e continuarei a contribuir de todo o coração com meu esforço e tempo”, disse ela ao Crux.
Rodrigues destacou que crescendo e estudando na Índia, pôde traçar muito da sua agenda econômica para seus próprios professores e outros no espaço administrativo indiano.
“Nesse sentido, Índia, com nossa complexidade e experimentos econômicos diferenciados, tem muitos insights a oferecer”, afirmou.
Embora, ela alertou, a Economia de Francisco não significa “uma palestra para o que um país particular deve fazer”, e sim indivíduos reunidos “de diferentes países, de afiliações religiosas, políticas e econômicas diversas, possam gerar novos insights”.
“Por exemplo, quando colaborei com um subgrupo de três outros participantes perceptivos do mundo em desenvolvimento, concluímos que havia condescendência internacional para com os pobres e até mesmo por parte da classe média estudada nos chamados países em desenvolvimento”, afirmou Rodrigues.
“De fato, o que muitas pessoas desfavorecidas em qualquer país carecem, entre outras coisas, é educação econômica, e nós sugerimos incluir educação econômica – enfatizando tanto o lucro financeiro e social – como parte do currículo que inicia-se na segunda série escolar”, acrescentou.
Um futuro encontro em Assis está sendo planejado para o outono de 2021, com a esperança que as restrições sobre proximidade social e viagens possam estar mais flexíveis, permitindo aos participantes reunirem-se pessoalmente.
“Agora, depois do evento online, eu olho para frente para continuar colaborando com essas pessoas excepcionais, como nós encontramos caminhos para usar nossas emergentes pesquisas para contribuir para a Economia de Francisco”, afirmou Rodrigues.
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Economia de Francisco pós-covid poderia beneficiar a gestão dos recursos humanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU