31 Outubro 2020
O Vaticano excomungou Tomislav Vlasic, um croata ex-franciscano que já tinha sido demitido do sacerdócio.
A reportagem é de Claire Lesegretain, publicada por La Croix, 26-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) excomungou Tomislav Vlasic, um ex-franciscano da Croácia que foi diretor espiritual dos supostos Videntes da Virgem Maria, em Medjugorje, na Bósnia-Herzegovina.
A notícia foi dada em 23 de outubro pela diocese de Brescia, do norte da Itália, onde Vlasic deu palestras e prestou serviço como padre para vários grupos por anos.
Ele anteriormente tinha prestado serviço como guia espiritual para os então chamados “videntes de Medjugorje” desde 1981, quando ele disse ter começado a testemunhar aparições.
O escritório doutrinal do Vaticano já havia interrompido as atividade de Vlasic em 2008, colocando-o na clausura em um convento Franciscano em L’Aquila (em Abruzzo, Itália) por recusar cooperar com eles.
A Doutrina da Fé conduziu uma longa investigação por meses sobre o ex-frei “por espalhar doutrinas duvidosas, manipulação de consciências, misticismo suspeitoso e desobediência das ordens legítimas”.
Um documento assinado pelo então prefeito da Doutrina da Fé, o antigo cardeal William Levada, que também acusou Vlasic de adultério, porque o padre teve um filho com uma mulher em 1987.
Em março de 2009, por decreto de Bento XVI, o padre foi reduzido ao estado de leigo depois da investigação da Congregação.
Ele também teve foi desobrigado de seus votos religiosos e excluído da Ordem Franciscana.
O arcebispo José Rodriguez Carballo, que foi ministro-geral da Ordem Franciscana dos Frades Menores, havia colocado restrições em Vlasic sob pena de excomunhão.
Estes incluíam a “proibição absoluta de exercer qualquer forma de ministério” e a “proibição absoluta de fazer declarações sobre assuntos religiosos, especialmente em relação aos fenômenos de Medjugorje”.
Mas esses avisos claramente não eram suficientes. E a CDF finalmente interveio e excomungou o ex-frade de 78 anos. A diocese de Brescia disse que o escritório doutrinário assinou o decreto em 15 de julho.
“Infelizmente, ao longo dos anos, o senhor Vlasic nunca respeitou as proibições impostas a ele no decreto penal canônico emitido contra ele pela mesma congregação em 10 de março de 2009”, disse o comunicado diocesano.
“Continuou realizando as suas atividades apostólicas com indivíduos e grupos, tanto por meio de conferências como por meios informáticos”, cita o comunicado.
“Continuou a se declarar religioso e sacerdote da Igreja Católica, simulando a celebração de sacramentos inválidos; continuou a causar grave escândalo entre os fiéis, praticando atos gravemente prejudiciais à comunhão eclesiástica e à obediência à autoridade eclesiástica”, disse a diocese.
O decreto de excomunhão significa que o ex-franciscano está proibido de receber os sacramentos.
Caso o senhor Vlasic pretenda participar da celebração da Eucaristia, “a ação litúrgica deve ser interrompida, a menos que uma causa grave se oponha à interrupção”, disse a Congregação para a Doutrina da Fé.
Mesmo que Medjugorje atraia dezenas de milhares de peregrinos a cada ano, essas aparições não foram oficialmente reconhecidas pela Igreja local ou universal.
No entanto, a Igreja decidiu permitir peregrinações diocesanas a Medjugorje em maio de 2019. Foi a primeira vez desde 1981 quando as supostas aparições marianas começaram a acontecer.
Cerca de quinze bispos participaram lá de um festival juvenil em agosto de 2019. O presidente da missa de encerramento foi o arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
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Diretor espiritual dos videntes de Medjugorje é excomungado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU