11 Setembro 2020
"A luta contra a tortura foi uma das marcas mais fortes do seu tempo. Sob a coordenação do pastor presbiteriano Jaime Wright, dom Paulo conseguiu a publicação do livro Brasil Nunca Mais que teve a versão em inglês com o título “Torture in Brazil”. O livro foi escrito, em absoluto segredo, pelo frei Betto e pelo jornalista Ricardo Kotscho", escreve Ricardo Carvalho, diretor da ABI em São Paulo, em artigo publicado por Associação Brasileira de Imprensa, 08-09-2020.
Eis o artigo.
Em 1º de novembro, um domingo, será celebrada uma data histórica da resistência democrática no Brasil: os 50 anos da posse de dom Paulo Evaristo Arns como arcebispo de São Paulo.
A ABI, a Comissão Arns, a Comissão Justiça e Paz e o Instituto Vladimir Herzog, quatro entidades com vínculos históricos com dom Paulo, se unem a outras entidades para as homenagens que serão prestadas ao cardeal dos Direitos Humanos, como ele era também carinhosamente chamado e reconhecido.
Como a marca do que seria sua atuação ao longo dos 28 anos como arcebispo em defesa dos oprimidos da cidade grande e perseguidos pelo regime militar, dom Paulo foi fichado no DOPS paulista em 9 de novembro de 1970, 8 dias depois da sua posse como arcebispo.
Ele se tornou uma espécie de para-raio ao atrair para a Cúria refugiados políticos de todo o continente. A Acnur – agência da ONU que cuida de refugiados – chegou a ter um escritório no prédio da própria Cúria, onde funcionavam também a Comissão Justiça e Paz, a Comissão de Direitos Humanos e a redação de “O São Paulo”, jornal que ficou censurado por 10 anos.
A luta contra a tortura foi uma das marcas mais fortes do seu tempo. Sob a coordenação do pastor presbiteriano Jaime Wright, dom Paulo consegui a publicação do livro Brasil Nunca Mais que teve a versão em inglês com o título “Torture in Brazil”. O livro foi escrito, em absoluto segredo, pelo frei Betto e pelo jornalista Ricardo Kotscho.
Dom Paulo soube das barbaridades que eram cometidas no Doi-Codi paulista, porque soldados católicos que trabalhavam no Doi o procuravam para relatar as torturas.
Ele sempre gostou de mostrar a sua carteirinha de associado da ABI desde a década de 1970. É o patrono da Comissão Arns, criou a Comissão Justiça e Paz e chegou a dar sugestões para a missão do Instituto Vladimir Herzog, em visita que Clarice Herzog e seu filho Ivo fizeram ao cardeal em 2010.
Quando da sua morte, em 14 de dezembro de 2016, chargistas de todo o Brasil, como Paulo Caruso, organizaram uma exposição virtual em homenagem a ele.
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Homenagens ao cardeal da esperança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU